quinta-feira, dezembro 10, 2009

Pena.

Se entregava facilmente a qualquer estímulo carinhoso, para ela não existia qualquer tipo de relação afetiva entre as pessoas que fossem duradouras. Isso não existe, com isso vinham a incapacidade dela de se manter em qualquer relacionamento, não conseguia se contar com a idéia de que seria de um só, mas não sentia isso pelo prazer de possuir várias pessoas, mas sim pela administração do tempo no qual ela mesma seria possuída. Era estranho como se entregava facilmente, bastavam cinco minutos, um olhar diferenciado, uma menção de união de corpos, se transformava em libido.
Homens à sua volta a primeiro momento se apaixonavam e sabiam que a distância de um ato a teriam por completo, no entanto sempre existe o peso da decisão que deve ser tomada. Continuar naquilo e aceitar a moça tal qual ela é, ou abandoná-la abrindo mão de tudo que ela proporcionava de maneira tão fácil, rápida e descartável. Muitos não se decidiam, volta e meia a ligavam, perguntavam sobre, e ela sabia ser usada, não suportava essas pessoas que faziam pouco esforço para tê-la. distância sim era um problema para ela. Simplesmente não entrava em sua cabeça a idéia de se guardar para alguém que se goste só porque essa pessoa estava longe, não fazia sentido algum, a vida é o que se leva dela, viver a cada minuto, e muitos outros slogans de produtos no mercado lhe faziam sentido sim, viva pouco e bem era seu dogma pessoal. Uma afirmação absoluta que não poderia ser contestada, mas ao vivo a coisa era outra, não importava quem, era simplesmente fácil.
Até o ponto que tinha perdido esse certo prazer, que era o único que tinha em vida, de um momento para outro, aparentemente sem motivo especial, não sentia mais a mesma vontade, precisava de alguém, que estivesse a seu lado, alguém que a escutava, dos mais profundos pensamentos às mais puras tolices, uma pessoa que risse quando ela chorasse e que lhe dissesse que a vida é assim mesmo, pessoas mudam, crescem, se tornam incoerentes a cada minuto, mas dentro de si seguem uma conduta eudaimonista, bem próprio em primeiro lugar, uma vida que vale a pena ser vivida por ela mesma e explicação em si.
Nesse exato momento, não existia ninguém ao lado dela, beleza e prepotência não eram tão atraentes na escolha da pessoa que acordará à seu lado todos os próximos dia de toda sua vida.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Vermelho.

Não se definia como insaciável, tinha gostos e vontades até que comuns. Era claro que não era visto com bons olhos pelos outros, aparentemente não atingia um estado feliz e constate quase nunca, transparecia que nada nunca estava bom. Consolo? Nunca foi necessário, tinha dias que comentava, outros não, precisar de algo de alguém sempre foi pedir demais pra ele, amor e paz, não pareciam complementares.
Era óbvio, nunca era o bastante, e regularidade não era que acontecia regularmente com ele, picos de alegria, excitação e tudo que espera, e em questão de horas, o extremo de baixo dessa forma já se via presente. Normal, era o que pensava, não só de vitórias vive um vencedor certo? Existiam problemas sérios em sua conduta, aparentemente o que ele queria não era acessível, mesmo com toda sua força de vontade, o fato é que não conseguia atingir suas vontades em cheio, e para distrair nessa rota, era rotina fazer coisas que de forma alguma tinha orgulho. E aparentemente estranho, se via do outro lado também.
Na vida tinha como base todas as derrotas, que o marcaram muito mais que toda felicidade rotineira de domingo à tarde. O que até então não tinha se dado conta, que ele havia gerado dezenas de derrotas à outras também, e como ficava claro quão horrendo são as relações interpessoais, na mesma medida em que se via prejudicado e ferido, com a outra mão feria outro alguém, não era justo, talvez fosse necessário, se jogar e velejar nesse mar sem convicções é algo completamente prazeroso e ao mesmo tempo perigoso, marcas assim não costumam deixar o lugar que uma vez tomaram forma. Por isso continuava nessa dualidade, não passava pela sua cabeça ser um maltratado e mal tratador ao mesmo, o que pregava de errado, conseguia praticar sem nenhum peso, incoerência não era nada agradável, conseguia suportar? Era inegável que não, cogitava por horas dizer sim. Um ruído estranho novamente, era o telefone, não iria atender demovo, não era o que queria, disso tinha certeza.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Agradecimento.

Ele previa o tempo ruim que estava por vir. Sabia da partida dela, ergueu seu copo e o virou com convicção, com aquilo lhe trazia conforto momentâneo, prazeroso. E de forma tão voraz devorava copo atrás de copo, era ali que suas tristezas se somavam em esquecimento lhe dando ar para respirar, mesmo que empurrando por pouco que fosse o desespero que o sufocava de forma implacável, acontecia de forma didática.
Era começo de Agosto, nesse mês não sabia porquê, sempre aconteciam reviravoltas em seu universo, para bem ou mal era algo, não conseguia ser indiferente em relação a isso, ela tinha ido embora, de fato não tinha ficado tão abalado assim. Claro que não era capaz de demonstrar o que sentia de fato, era uma torre, uma fortaleza inatingível, mas dentro dela era exatamente assim, porém não conseguia agir de tal forma, e sua incoerência o irritava diariamente, era claro que não conseguia manter perto de si quem realmente gostava.
Sabia que por parte dele, nada mudaria tão cedo. Tinha forte aversão à mudanças rápidas, era metódico. De certa forma fazia tudo sempre igual, e sua rotina uma vez incorporada levava meses para ser modificada,não fazia diferença, conseguia moderá-las melhor assim, talvez questão de preferência, ou não.
Aquele mês, não soube como, começou da mesma maneira de sempre, broxante, até que um dia, se viu encurralado. Era aquela hora que tinha pra agir, e como se ajudado por alguém foi, nunca conheceu o arrependimento.

Agradeço a Celso Cruz, no começo desses seis meses, já existia o lugar, já havia uma idéia, faltava o empurrão. E como faltava.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Ninguém.

Fascinante, seus olhos brilhavam no escuro, lhe disse em tom mais que carismático. Não se chegava a nenhuma conclusão, e brincava com as pessoas dessa maneira. Não se importava em consequências e não media esforços pra ser único. Se perdia em devaneios, perguntava sempre sobre a existência ou não do inferno, além e afins.
Ela havia gostado do elogio, gostava de elogios, sorria alegremente com qualquer mostra de afeição. Suas mãos se tocaram, era claro, ele não estava lá, algo estranho e caloroso, tinha certeza de que ele não estava ali. A presença acontecia de um meio mecânico, sem afeto, justo e exclusivamente por questão de necessidade.
Ele teve certeza de que ela tinha percebido, nada fazia, carinhosamente seus dedos permaneciam entrelaçados. Sabiam que estavam se enganando há algum tempo, mas inexplicavelmente parecia que preferiam que continuasse assim, era mais verdadeiro de tudo que já tinham vivido, ninguém conseguia enganar ninguém, era tudo claro e simples e extremamente perene.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Tristeza.

O que mais precisavam ali era um pouco de sorte. Já nem pensavam mais, tinham um objetivo, mas até então nenhuma meta. O dia os sufocava, horas se passavam e continuavam se movendo porém estáticos produtivamente. em suas cabeças hora nenhuma ocorreu desistir ou parar, um minuto que for, a solução apareceria. Tudo tranquilo, transpareciam dessa maneira. Sabiam que tinham que esperar por algo que não dependiam deles propriamente em si.
Ele jamais deixou que o desespero tomasse conta de si, era seguro na medida do possível e fazia com que as pessoas ao seu redor ficassem mais calmas do que o habitual, não considerava um dom, sempre teve isso, mas ao longo do tempo teve a capacidade de aprimorar tal perícia com excelência. Mas mesmo com toda sua regularidade não conseguia não ficar abalado com tal situação, tempo era algo que o irritava, dentre seus ódios, tinha certeza que ela vinha logo após problemas de saúde.
Ela mordia os lábios, inquieta ia de um lado a outro, adorava a seguridade que ele proporcionava, mas naqueles dias em especial, só a fazia irritar. Todas as vezes que tentava algum tipo de conversa, ele agia quase que da mesma forma, indiferente em relação ao assunto e a dava um abraço.
Por sua vez, sabia que não deveria agir assim, ela não era diferente a ele em relação a essa indiferença, a tristeza pairava no ar.
Meu bem, ela disse, estava desamparada, não teve como continuar a frase, ele a fitou por um instante, olhou em volta, a cidade já estava apagada.
Dezessete minutos foi o tempo de lhe beijar a testa, apagar as luzes, sair de lá e chegar em sua casa, foi também o tempo dela se apagar.

terça-feira, novembro 24, 2009

Cela.

Ficou sem dormir por dois dias, e por mais que se sentisse cansado por mais que ficasse na cama, nada acontecia, fechava as janelas, passava horas a fio ali. Sentia que possivelmente seria o único no mundo com aquela capacidade nem tanto formidável. Não via nenhum ser humano a algum tempo, o casal do noticiário não contava. Ele sequer conseguia distinguir as palavras que eles diziam intercalados com imagens que estavam turvas diante de seus olhos. Era algo de infância, sempre teve insônia, era algo horrível mas que com o tempo se tornou acostumado a tudo isso, pudera também, com trinta e oito anos já não se dava ao luxo mudar seus princípios.
Batidas à porta, se perguntou quem era, tentou se levantar, não agüentou o peso de suas pernas, foi de frente ao chão, estirado, como se por um segundo perdeu os sentidos, mas como as batidas na porta continuaram ele voltou a si, abriu os lábios, como esperado não tinha forças para falar sequer uma silaba, decidiu então fazer o máximo de força, de duas uma, ou chegava à porta e via quem era, ou dormia, e como internamente implorava para que a segunda opção fosse a uma. E então se pôs a rastejar, e notou que era extremamente bom nisso, se sentiu com vinte anos novamente no seu ano a serviço militar, fazia isso diariamente e inexplicavelmente não tinha esquecido nenhum movimento. Já havia saído do quarto, tinha agora o longo corredor até a porta de entrada, por mais impacientes que fossem as batidas à porta elas não paravam, sentia uma certa disposição em espera-lo, e continuou, cotovelos e pulsos seguidos dos joelhos, essa era sua seqüência, sua missão, seu sono inexistente até então, continuava escondido, era a melhor trincheira do mundo, pensou consigo mesmo. 
A porta se via cada vez mais acessível, o sol que entrava por meio da janela da sala, os raios de sol cegavam seus olhos, pensou em cobri-los já que fecha-los não adiantou muito, mas sabia que tinha que continuar com sua seqüência mecânica de braços e pernas, a curiosidade era seu combustível naquela hora e nada mais lhe importava, quem seria? o que queria? Estava ao pé da porta.
Por fim acordou, ao olhar no relógio e viu que esteve dormindo por vinte minutos, e gargalhou por ter conseguido sair de sua cela rastejando e ter confundido do corredor da penitenciaria pelo de sua casa, mesmo que por sonho, passou mais um dia feliz.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Ar.

Estavam sentados há mais de quinze minutos, o ônibus já saía da cidade e entrava na rodovia. Não , não se falavam, mal trocavam olhares, e cada um media esforços para não fazer qualquer tipo de contato, mas era claro que o oposto de tudo isso acontecia quando o outro olhava para o outro lado. Ao redor ninguém notava o que se passava bem ali ao redor. Estava frio, ela mesmo estando do lado da janela não fechou o ar condicionado, levava consigo um casaco e se cobriu com ele, o rapaz por sua vez nada tinha além da roupa do corpo e pela chuva que caia na estrada sabia que não teria um fim de noite tão bom, ela tinha fechado os olhos, ele ficou um tempo a observando, nada de concreto passava em sua cabeça, naquele momento se perguntou se devia fazer algo, não chegou a nenhuma conclusão, por fim decidiu fazer o mesmo que ela, abaixou um pouco mais sua poltrona, ela mal se mexia, podia até dizer que estava sonhando, virou a cabeça para o outro lado e fechou seus olhos.
Na estrada pequenas curvas ao longo do caminho fizeram com que as pernas dos dois se encostassem e ali encontrassem alguma forma de calor, e ele mesmo sonolento, achou bom, e continuou com aquela forma de contato, ela algumas vezes mexeu os braços pra arrumar de melhor forma os casaco que estava sendo usado como uma manta. A chuva apertava cada vez mais, olhou as horas num relógio prata do pulso dela, eram quase oito da noite, já não se via mais o sol, sorriu, não soube porque, mas o fez.
Estavam em um grande curva, já era a cidade que tinha como rumo, no primeira esquina, com a diminuição da velocidade, a maioria das pessoas acordava, ela não foi diferente ajeitou os cabelos novamente, olhou as horas, se espantou pela noite ter chegada desavisada, deu um suspiro, mal olhou para o lado, mas notou que ambas as pernas estavam juntas, quase que um carinho disfarçado, nada fez, continuou daquela mesma maneira.
As luzes se acenderam, ele ficou estático, não sabia como reagir, ao contrário dele sabia exatamente como se portar naquela situação, ao menos parecia, ao chegarem na rodoviária, se decidiu, levantou pegou sua mochila e saiu sem olhar para trás, sabia que nunca mais a veria, pra ser franco nem a conhecia, passividade o irritava. Ela foi a última a descer,despreocupada já pensava no próximo.

terça-feira, novembro 17, 2009

Aparelho.

As pernas cambaleavam, no relógio da rua ainda marcavam três e quarenta da manhã, impossível, sabia que não era coerente com a imensidão de coisas que haviam ocorrido naquele banco. Horas antes, ambos combinaram de se encontrar, ele como sempre escolheu o lugar e ela as horas, aparentemente isso transparecia a tranqüilidade que na qual a relação seguia. Ele sempre chegava antes, não gostava da idéia de ter outras pessoas esperando por ele, e não via problema algum em esperar pelos outros, ela raramente olhava as horas, felizmente ele não ligava. Aquele dia em especial seria diferente, teria que ser.
Na semana que havia passado, nenhum dos dois agiu como de fato normalmente o fariam, ele atordoado por um sentimento de incerteza de um futuro concreto, ela pelo contrário, tinha certeza do que queria, algo tanto quanto conflitante com a situação atual dos dois. A praça era confortável a ambos, era ali que tudo tinha se iniciado e não voltavam lá a certo tempo. Escolheram para sentar um lugar com sombra, ela estava de branco, cabelos soltos, ele também usava branco e o mesmo surrado tênis.
Como de costume estavam abraçados, seus braços lhe faziam tão bem, e nessa hora tudo lhe fez sentido, ali juntos sentados, o que sentia não era nada confortável como de costume, a frieza reinava, e por aqueles segundos se deu conta que nada mais seria o mesmo. O sol já estava de despedida quando ela resolveu dizer o que se passava, não era da índole dela, não conseguia ser má, tampouco pensava em trazer mal a ele, mas sabia que não era algo exatamente certo para aquela fase de sua vida, com um discurso planejado conseguiu obter as mais inesperadas reações, ele estático, pela primeira vez desde que tinham se conhecidos, o viu ficar sem palavras, e quando ameaça falar algo, apenas os lábios se mexiam, e um som inaudível porém esclarecedor saía dali.
Ainda tinha certeza de que aquilo precisava ser feito, mas ela não agüentava parecer ser a única a proporcionar aquele momento a ele. Foi fraco, ele mesmo já havia cogitado a possibilidade de estar desse outro lado da conversa meses atrás, mas por sorte achava, não conseguia se distanciar dela, os momentos bons sempre sobressaíam a certas desilusões. Nesse meio tempo a culpa lhe tirava o ar como um garrote estivesse apertando sua garganta. Não tinha escolha, um bloqueio mental o amaldiçoava, e podia ver pela face dela que também não estava feliz com aquilo tudo, mas uma satisfação fugia do por trás dos olhos. Tinha sido um erro achar que todas eram igual a ela, lhe provava a cada momento, e não ele não notava.
E por algum motivo as pernas cambaleavam, ela tinha ido embora, por volta das onze da noite, ele não teve a capacidade de se levantar, e nem acomodado permanecia por lá, já não era mais o estático, mas a dor tinha se tornado algo físico, estava em um situação complicada, não conseguiu formular e argumentar nenhuma palavra com ela, e agora não sabia mais ainda se teria a sorte de vê-lá novamente. seu aparelho celular tinha tocado cerca de cinco vezes desde de que ela havia deixado a praça, não teve vontade de tira-lo do bolso até então. Tocou novamente, resolveu ver apenas quem era, nem sinal dela,e mesmo que houvesse, não era algo que desejasse. Desligou o aparelho no mesmo momento que um carro parou do lado da calçada daquela distância não reconhecia quem era, sua miopia e implicância com óculos não o ajudavam nessas horas, para sua surpresa, não tinha idéia quem tinha saído do carro, era uma garota pelos seus vinte e um anos, que escolheu um banco à frente de seu carro e começou a escutar música, estava ali apenas relaxando.
Nada mais justo, nunca se importou com “dores” alheias, não seria hoje que algo diferente disso lhe aconteceria com ele, e continuou ali sentado mais tempo do que imaginaria e que precisava.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Via.

Não sabia mais o que era perder, em mais ou menos um mês a única coisa que realmente sabia que estava perdendo era o seu próprio tempo. Não dizia que era mal utilizado, muito pelo contrário a perda se dava porque é algo inerente a todos, do relógio ninguém ganha. Total insensatez, mesmo assim não estava satisfeito. Vitória, em si estava o cercando em quase todos os aspectos terrenos, assim que imaginava quão seria bom que algo acontecesse, era questão de pouco tempo para que tal ato se realizasse, no início era interessante, quando isso se tornou rotina começou se tornou um peso. Nada a mais lhe trazia satisfação, sua expectativa sobre novas possibilidades estavam dia pós dia mais baixa. E seguia assim inconsolável, mesmo precisando não comentava isso com ninguém, claro, o chamariam de lunático, piadista, quem não gosta de vencer afinal?
Tinha certeza que ele não. Até porque nada lhe trazia mais desespero, na verdade, isso trazia, porque não perdia mais? Para quebrar essa constante foi jogou até na loteria, sim, ganhou. Preferiu parar por ai, mesmo com milhões na conta bancária, continuava trabalho, e o mais estranho, não contou a ninguém, ninguém mesmo, esposa, filhos, pais, nada. E deixou aquela conta intocável. Por algum motivo não se achava merecedor daquela dádiva, nunca em sua vida deu valor ao que não vinha do trabalho duro. Ninguém desconfiava, deixou claro ao seu gerente que ficaria ali na poupança e recusou todas as propostas rentáveis de aplicações em fundos estrangeiros. Era complicado não sabia ao certo o que queria, só tinha certeza que não era aquilo.
Por intermédio das oportunidades e ao tédio que estava instalado, resolveu voltar a testar a sorte, se perguntava onde estava o acaso, ele que tornava tudo tão impressionante já não dava às caras a um certo tempo, e ele era imprescindível à vida.
Era um domingo, tinha ido à padaria buscar leite para à semana, foi sozinho, pegou seu carro, nem tão velho nem tão novo, colocou um disco que que estava do lado da porta, bossa nova, estava tranquilo, dentro da padaria ainda encontrou um amigo de faculdade, foi sucinto, se despediu e saiu, decidiu voltar pela orla da praia, em meio, a um ato de desilusão daquela vida que levava, virou deliberadamente o volante de forma brusca e entrou direto na outra via.
Colidiu, em um ônibus pegando passageiros, nada aconteceu, tirando leves riscos na lateral do carro. O que mais lhe feriu foi a idéia de não perder mais nada.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Balcão.

Ele assentiu com a cabeça, preferiu não utilizar palavras, pegou o copo e o virou, álcool dificilmente fazia efeito nele, era de família, pelo pouco que lembrava dela. Como esperado ela estava corada, sua pele clara reluzia tons vermelhos noticiando a fraqueza que a bebida lhe proporcionava era claro que ela não estava acostumada com aquilo. Achou melhor e mais fácil não perguntar por que ela estava bebendo, sentiu por certo a perguntar se queria outra dose. Ela não o escutou estava estática olhando para a rua, o efeito rápido do conhaque tinha levado por hora a sua sobriedade. Ela se virou disse que não, mas uma cerveja lhe cairia bem, e pediram ao mesmo tempo. Um quê de riso ameaçou aparecer em sua boca, mas teve certeza de que não era o momento certo, estava preocupada, nunca tinha notado esse ar de tristeza em seus olhos castanhos, nem claros eram, mesmo assim não tinha a capacidade de parar de olhá-los fixamente. Ela suspirava a cada gole, seu egoísmo ainda reinava, tomava seu copo em puro silêncio, ela por sua vez parecia estar mais calma, revelou seu estresse, tinha sido demitida. Foi um tiro, saiu direto dos lábios dela e atravessou sua cabeça, achou estranho o coração reagiu de maneira normal, mas sua razão tinha ido por água abaixo, não sabia mais se a veria e sim, não sabia ao certo da razão disso, mas se importava.
Nesse meio tempo notou quanto de si mesmo tinha mudado em detrimento à ela, e mal se conheciam, a única coisa que podia afirmar dela era seu nome e que seu corpo lhe atraía demasiadamente. Por ela ficava em lugares lotados, era forçado a convivência humana, ás vezes até se divertiu, não, não era mais o mesmo, que lhe trazia apenas bons sentimentos. Sentiu que era hora de tomar alguma ação, jogou vinte euros no balcão se levantou e quando estava pronto pra dar as costas e sair, ela o segurou pelo pulso, fui pego ele pensou, e ao mesmo tempo teve certeza que ela pensou você não tem idéia, aqueles olhos não eram capazes de mentir.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Calçada.

Era notável quão desumano conseguia ser. Eventualmente percebia que agia assim, não ligava, se todos o olhavam com maus olhos, que olhem. Sua memória atuava de maneira memorável, acontecimentos inesquecíveis para algumas pessoas se perdiam facilmente em sua cabeça, porém simples acontecimentos diários, detalhes tão simples como tremidas de lábio das pessoas em seu redor nunca lhe saíam da cabeça, essas lembranças ficavam estampadas no seu cotidiano.
Estava sentado em uma manhã de outono, tomava seu café com as mesmas três torradas amanteigadas no mesmo bar de sempre, e achava impressionante como o Seu Luís estava ali dia após dia servindo em seu bar, ficava maravilhado com a constância daquele senhor, já era de idade, e em todos os dias que tinha começado a tomar seu café da manhã ali, ele não parecia ter envelhecido nem um pouco, já ele mesmo tinha as faces corroídas pelo tempo, até entre os fios pretos de virilidade já eram notados alguns novos vizinhos brancos. Não ligava tinha tudo que precisava a seu dispor, seu emprego público lhe provia todo o dinheiro necessário para uma vida fantástica, casa confortável, viagens ao redor do mundo, e o número de mulheres que queria por noite. Nunca teve uma família após abandoar a própria, jamais chegou a ligar ou deixar seu endereço, simplesmente arrumou as malas numa tarde de inverno e deixou a casa. Era mais fácil assim, relacionamento humano lhe deixava mal, e só o fazia quando extremamente necessário. Era de outro país sentiu conveniente deixar o Brasil, em Portugal tudo era mais tranquilo, e sim as pessoas eram menos humanas, controlava tudo de maneira simples aqui, pessoas eram simples e renegavam contestar qualquer tipo de autoridade, e isso ele impunha de forma maestral, tinha quem quisesse a seus pés, só não acontecia isso com ela, e sim, pra ela ele ligava, não era como se agora quisesse constituir uma família ou coisas do tipo não suportava ter a idéia dela o perto o tempo todo, mas quando a via, como queria sentir ela de perto, devora-lá, definia isso como uma tara, como aquelas que você sente quando criança por algum tipo de comida, mas pelo que se lembrava nunca tinha passado por isso. Era assustador, agia de maneira diferenciada perto de sua presença, era sutil, media cada palavra com receio da repercussão de cada uma delas e todo caminho até os ouvidos escondidos por trás dos cabelos louros tanto quanto encaracolados. Percebeu que precisava daquilo e toda sua influência, desumanidade e dinheiro não a trariam pra perto dele, sentia desconforto, estava desnorteado. Todo dia após o expediente voltava ao bar de seu Luís e pedia uma cerveja, era algo horrível para ele, muita gente, muito barulho, mesmo com o desconforto continuava ali dia após dia, ela sempre passava pela porta do bar, sempre antes de ir embora, e ele fazia questão de sentar no mesmo lugar e ficar olhando para a calçada, a maioria dos dias ela nem notava, até que um dia, por algum motivo desconhecido ela se virou e entrou no bar, se sentou de seu lado, disse um oi rápido e pediu uma dose de conhaque, a virou no momento que a mesma chegou, virou pro lado e disse, mais duas e um ameaçador me acompanha?

quarta-feira, novembro 04, 2009

Aceno.

Era evidente que estava parado, estagnado em seu cotidiano, je déteste la technologie, gritou em alto e bom som, toda aquele revolucionário desenvolvimento tecnológico só lhe transparecia que não estava vivendo a sua vida, sentia que todos a sua volta, sem exceção estavam estavam tendo momentos maravilhosos e únicos. Tirou o microcomputador da tomada, olhou a sua volta, se viu num amontoado de coisas espalhadas pelo chão, viu que não pertencia mais ao lugar, tinha perdido o controle. Levantou a persiana, que já não fazia desde de que tinha instalado a uns dez anos atrás, a luz veio como flechas dentro de seus olhos. Não reagiu, deixou que todas entrasse, e foi cego por alguns instantes, valeu a pena, era notável a vista que ele havia abdicado, além do panorama urbano percebeu que tinha vizinhos, na edificação frente a sua, existiam pessoas e varandas, uma a cada a andar, duas mulheres conversavam por lá quando o notaram levantando sua persiana que fez papel de parede por tanto tempo, elas lhe lançaram um sorriso, mal pode disfarçar sua surpresa, mesmo desajeitado levantou uma das mãos e fez um aceno envergonhado, elas deram um certo riso e voltaram a conversa. Constatou de fato estava preso numa realidade alternativa, surreal para ser definida com mais clareza e se indagava demais, pra tudo, antes de toda e qualquer ação, percebeu então que a vida não é simplesmente um jogo de adivinhação.

terça-feira, novembro 03, 2009

Inútil.

Já sabia de tudo isso quando voltaram a se falar, ela talvez por afeto ou descuido, ele definitivamente por afeto, não passava, o consumiu por tanto tempo e era presente até hoje. Não era a mesma coisa, agora diferentemente de antes, eram como velhos amigos mesmo se conhecendo a não mais de dois anos, quando se sentavam lado a lado, olhavam parar o horizonte para contar suas visões de mundo, era óbvio que ambos tinham versões totalmente diferente e as defendiam até o último suspiro, e por parte era isso que fazia aquele pequeno momento que passavam juntos tão especial. Penetravam na alma um do outro com uma simples troca de olhares, isso instalava nele um certo receio, e para minimizar possíveis atos do inconsciente, simplesmente evitava essa troca. Ela por sua vez se equilibrava em sentimentos de incerteza, mas tinha como característica ser instransponível, logo por for fora parecia sempre sorrindo, mas sem conseguir esconder certa preocupação que ia dos lábios mordicados às piscadas bruscas, ele sempre fora bom em ler pessoas, geralmente nunca perdia em jogos de carta ou atividades que necessitavam tal habilidade, mas nada podia fazer frente a esses indícios. Passividade era algo que o irritava tanto, e se ver desse lado da moeda o entristecia, sabia que não podia continuar assim, o tanto de momentos que estavam sendo desperdiçados por pura falta de ação, e sabia que não dele, a ele cabia a escolha de esperar ou não, o mais sensato seria o não, mas nem sempre o mais sensato é a coisa a ser feita, repetia essas palavras a si mesmo diariamente, claro que era uma queda livre de cara ao chão todos os dias, e antes de dormir repensava todos seus passos. Ela também não era a mesma, um simples movimento a mais denunciaria a mulher que se tornara, aos olhos de quem estava de fora parecia que não sabia se planejar e se entupia de tarefas por escolha própria para não ter tempo nem de pensar em si mesma, mas para si era algo extremamente necessário só dava valor ao descanso após ter sido produtiva, e não faltavam meios à sociedade para que ela fizesse isso, ele a compreendia, fazia da mesma forma, se forçava a sempre estar fazendo algo, sempre, mesmo nas noites de domingo relaxando em sua cama, as idéias não paravam em sua cabeça, girava, girava, tanto a ponto de sentir-se fora do chão, era inútil, sabia que sem foco nada valia a pena, quando todas lhe diziam se afaste e a maioria das vezes dava certo, ao menor proximidade dela, largava tudo e todos, e fazia daquele o único foco instantaneamente, sempre errava.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Reta.

Quando entrou no carro, fechou a porta e colocou a chave na ignição. As palavras ainda ressoavam na sua cabeça, saiu dali, era começo de tarde, pós almoço quando as pessoas num domingo estão alojadas em seus sofás conversando, vendo televisão ou simplesmente dormindo, ele não, ao largar as ruas e entrar na estrada sua mente pode descansar um pouco, mas a frase ainda estava lá, tomando o espaço entre o vazio que as rodovias lhe proporcionavam, na hora sentiu uma vontade de trocar seu destino e ter pego um barco, por mais que a idéia de ser dirigido por outra pessoa por algumas horas fosse horríveis para ele o mar o acalmava, só de olhar era o bastante, quando estava sobre ele então era a melhor medicina. Não iria dar meia volta agora, trocou estações de rádio a esmo, não achou nada a seu gosto, que estava completamente sofisticado, chato em outras palavras. Pegou um cd riscado embaixo do banco nem acreditava que ele ainda estaria ali, pela data marcada à caneta pela própria mão, já faziam cinco anos, cinco anos, e como mágica sabia de cor todas as letras das músicas, pelo retrovisor era visível certo sorriso no canto dos lábios enquanto cada palavra saía de sua boca. Todo o arrependimento instalado até então nele havia se esvaído. Foi quando percebeu que não eram só as letras das músicas que estavam em sua cabeça, mas as ditas antes de entrar no carro, o desespero foi tão grande que soltou as mãos do volante por um instante. Teve certeza de que a pessoa que lhe disse aquilo estava errada, e por isso estava tão inquieto, deixou de ser quando o carro foi de encontro à árvore. “Todas as curvas são retas”.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Patente.

A manhã se via fria como a maioria delas tinha sido naquele mês de outubro, enquanto caminhava não notou em nada no caminho, sua visão estava ali mas não presente, só os tons de cores lhe faziam sentido, tal deficiência na hora lhe deu certo riso, passou pela última rua a ser atravessada, estava confiante, não sabia como, por dentro tudo em que acreditava estava desmembrado e por fora estava ali com um sorriso certo e o queixo alto, a manhã havia passado como o vento. Nunca atrelava a culpa a alguém, esteve focado a manhã toda, no momento que chegou em casa apagou, se fez necessário o uso do despertador para voltar à vida, nessas três horas que esteve mergulhado no subconsciente, foi tudo escuro, absurdos cento e oitenta minutos de puro desligamento, e isso era novidade também geralmente tinha ótimos sonhos ainda mais mais quando dormia menos, por hora esse pensamento lhe fez mal. Não era fácil traçar um panorama decente e agradável para sua vida se tudo continuasse daquela forma, ruim.
A tarde tinha ido rápido a lua já havia conquistado seu lugar no céu, sai de casa novamente, agora com ainda mais vontade, o vigor transparecia em sua face, era inerente a isso também, agora a mesma falta de foco na visão lhe trazia o único riso que daria por essa noite, dessa vez o vermelho dominava, se sentiu um touro e quis mesmo que por um minuto sair de tudo que lhe estava imposto e ir de encontro mesmo com a cabeça para todos os pontos que tivessem tom de vermelho.  Por um minuto se deixou levar, marcou o ponto de referência, ainda desfocado, e foi a seu encontro, seu revés foi que a indústria automobilística haviam parado de fabricar só automóveis pretos.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Endometriose.

    “E, por ouvi-la incessantemente, não a escutam. Não há necessidade de ouvi-la.”
Partiu desta premissa no momento em que parou de ler seu livro, seu sonho de criança e a realidade na qual estava instalado eram inversamente diferentes. Mesmo assim, não desistia, o que procurava agora ao invés de mundos distantes, vilões de revistas em quadrinhos e ao mais tardar garotas, o que ele queria agora era algo nunca antes visto, era essa sua única meta.
    Premissas são interessantes, no seu caminho de saída parou na cozinha e tomou meio copo de água, o virou e deixou pela borda da pia. Pegou suas chaves e deixou o seu mundo só com as vestes do corpo, alguns trocados e um certo brilho nos olhos. O mundo lhe tachava de coitado sempre o zombou do minuto em que nasceu até hoje, não deixava que isso lhe tirasse o sorriso de sua face,  o leilão que era feito com suas emoções por cada um que conhecia não afetava, de verdade, diziam três, e ele sempre optava pelo dois, e nessa levada as horas, dias, anos passavam, já tinham ido trinta e cinco, era justo e ao mesmo tempo firme, o tempo sempre se despede antes do esperado e nem sempre tão caloroso. Chegando ao térreo, saiu de sua morada, foi diretamente à banca de jornal, não comprou nada além de um cartão postal, não tirava fotos, sempre teve na vida prazer de ter que voltar aos lugares pra ver as coisas novamente,  mas dessa vez teria que ser diferente, sabia que voltar aquela cidade seria complicado demais, e não arriscaria ficar sem uma recordação, por mais sutil que fosse, virou o postal e logo escreveu a data ali mesmo com uma caneta que estava ali a deriva. Seguiu caminhando, nunca teve um carro, ora por falta de dinheiro ora por falta de vontade, mas sempre andava com sua habilitação na carteira. Andou até chegar no Banco Federal, passou pela porta giratória de vidro, abriu a blusa, mostrando explosivos e gritou em alto e bom som:
    -Todos ao chão, não quero explodir ninguém hoje.” Ele tinha dom para certas coisas, um homem tão calmo, não se deixava influenciar pela tensão em volta no ar, e por toda essa calma, pode-se afirmar que ele foi uma das únicas pessoas no mundo capazes de assaltar um banco e sair de lá da mesma maneira que entrou, caminhando, tinha tanta confiança em si que achou melhor desta maneira, continuou em linha reta dali até a rodoviária, como esperado ninguém o seguiu e não teve problemas em comprar sua passagem, iria para longe não por medo, tinha que fazer aquilo, não a via faziam nove anos, e continuaria sem esse certo prazer.
    Tinha subido em sua carreira de forma assombrosa e de forma estranha a outros olhos, tinha uma ideias inovadoras em gestão e com isso adquiriu influência suficiente para fazer quase tudo que bem entendesse, mas nunca saía de seu peito certa carência de algo, algo que mesmo influente e admirado não conseguia, e partindo do ponto que não sabia ao certo o que proporcionava tal falta de ar, entrou num mundo onde não há volta, parou de se policiar e deixou que a ganância tomasse conta de si, colocou sim o dinheiro frente a tudo, inclusive pessoas, claramente que seu em seu mundo agora tinha se tornado único exclusivamente próprio seu já que todos que o habitavam tinham tomado agora certa distância, os poucos que ainda como continuavam perto dele, como ela, mesmo não sacrificando tudo por ela e aquele sorriso que ele quase gostava mais que o poder proporcionado sabia que este era o que fazia se sentir ótimo. Claro que ninguém atingia tanto dinheiro de forma justa, o chamavam de corrupto, logo aos vinte anos seu apartamento era clássico como de pessoas em crise de meia idade, e por dentro se sentia velho também, e que tinha toda a experiência necessária para conduzir todas as variáveis ao seu redor. Estava errado, tinha sido demitido de seu cargo por justa causa meses depois dela ter se demitido do cargo de sua acompanhante, nada fora do especial, conduziu tudo com sobriedade.
    O ônibus saia as nove horas, tinha quinze minutos, adentrou e foi até o fundo, colocou a maleta com dinheiro no compartilhamento superior, e se sentou, a vista da rodoviária era sempre a mesma quando deixava um lugar, uma certa tristeza atrelada a nova emoções. Porém hoje sentiu algo em sua barriga, por um momento sentiu certa diferença na barriga, como se algo estivesse lá, riu quando pensou na idéia de que pudesse ser um filho, e a partir dai sentiu medo. Não se lembrava deste sentimento, o sofrimento causado por tal sentimento era pior que nadar em um mar infestado de navalhas. Se realmente fosse um filho o que sairia de lá, pelo cordão umbilical alimentaria algo não humano, aquela criança não seria nem de longe como as outras, realmente tinha dias que se perguntava, como podia ser tão frio e diferente de outros humanos, simbólicamente não tinha ídolos, modelos a ser seguidos, como poderia ser alguém assim, como todo pai é para com os filhos, ele mesmo pouco se lembra de seu pai, tinha sim se criado sozinho, aos sete começou a trabalhar e com sua força de vontade e seriedade abandonou sua casa assim que pode, e a família nunca lhe fez falta, nunca se falavam mesmo, suas memórias caseiras eram sempre sua mãe ao telefone com certas intenções estranhas e que talvez fossem as repostas por seus desaparecimentos diurnos, e de seu pai, sempre chegava cansado do trabalho como metalúrgico abria uma ou duas cervejas dormia frente a televisão por meia hora e depois ia para o quarto. Isso fez com que nada para ele fosse importante, teve sempre a noção que seu mundo era o que ele fazia com isso, se livrar do ócio e cada momento ser único e mais tardar valioso. Mas tinha certeza também que tudo que lhe davam suas características não eram valiosas aos olhos da massa, ganancioso, corrupto e orgulhoso, a partir dai só teve uma certeza em vida, seu filho seria um César Bórgia.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Transtorno.

Totalmente desestimulados subiram ao palco, atuaram como nunca, péssimos, diziam todas as críticas jornalísticas do dia seguinte. Seguiam como atores, e aproveitavam da publicidade negativa para atrair novos espectadores, não podia ser tão ruim quanto diziam por ai, podia?
Desesperador, era a palavra que melhor descrevia o momento de ambos, que por simples ironia continuavam implicando, a casa de teatro só não os mandavam embora por falta de peças interessadas, custava mais caro a limpeza após de casa peça do que a renda obtida dos ingressos. Era toda quarta-feira cerca das dez horas ou até que dez pessoas comparecessem, não tinham texto, um certo roteiro tinha sido feito uma vez, mas nunca mais lido, a peça nascia e morria ali naquela noite, e sentimentos reais eram falados sem se policiar, cenário, figurino? Nunca, ambos sempre se apresentavam com roupas do corpo e ás vezes somente com partes intimas, o mais importante era mesmo a sensação de realidade causada.
E todos esperavam até o fim, sempre perto de duas horas, com acréscimos dependendo da intensidade de ambos, no fim estavam suados, cansados, e sempre com leve sorriso no canto dos lábios.
Ah como ela gostava dessa feição, fazia questão de repetir toda semana todo esse ritual, mesmo acompanhada de seu amado, não era fácil ficar o tempo todo acompanhando vinte dois homens correndo atrás de uma esfera.

terça-feira, outubro 20, 2009

Descrito.

Você reclama e não faz nada pra mudar. Essas palavras continuam ecoando em sua cabeça quando ela já tinha parado de falar, mas ambos permaneciam ali, no quarto, tinha certeza que aquele cômodo já tinha sido mais alegre, pelo menos para ele, agora pairava no ar além da incerteza do amanhã, o receio atual de não se entenderem mais, ele sabia que ela só dizia verdades, a honestidade foi a primeira coisa que lhe atraiu nela, além da certeza em todas as vezes transparecia quando ela dizia algo, era fascinante. Ela continuava o encarando, aqueles olhos castanhos sempre lhe diziam algo porém hoje as palavras só saiam por entre os lábios dela, eles queriam dizer algo de novo. Você só se importa consigo mesmo e deixa a rotina te consumir, como você pode ser tão passivo? As palavras vinham como punhos de encontro a sua face, sua esquiva sempre tão boa em lutas agora deixava passar tudo, não que quisesse escutar aquilo, mas precisava, pouco a pouco estava saindo do estado de torpor induzido por si próprio e impreterivelmente a voz dela lhe fazia sentido. Não sabia mais onde morava, ao fundo continuava escutando Tchaikóvski, olhou rápido para o relógio, notou que estavam ali há dezessete minutos, o suficiente para que toda a tensão iniciada por ela se esvaísse e o tornasse um animal, faminto por sinal, mas ele era cauteloso, sabia que era mais fácil ser devorado que efetivamente devorar, não a conhecia suficientemente, e nunca achou que fosse realmente conhecer algum ser humano, ela mudava constantemente, e hoje não era diferente, estava cansado disso, por mais que gostasse que ela apontasse suas falhas, não suportaria ver alguém em situação pior lhe dissesse como levar a vida, se levantou não estava em casa, a deu um abraço apertado, se segurou firmemente e não disse nada, a beijo-lhe a testa, sabia que seria de certo a última vez, se afastou devagar fazendo que os dedos se desentrelaçasse devagar, sentiu um certo aperto, mas o mesmo ainda era com um ar de despedida, virou rapidamente, sabia que subitamente aquelas feições o fariam ficar por ali mais, tempo abriu a porta. Ela falou novamente, algo como se oferecesse pra ir junto até o portão. Ele não recusou, assentiu com a cabeça, ela voltava à abraça-lo, ele como havia sido descrito minutos antes aceitava passivamente, por mais complicado que tivesse sido se largaram, ao passar do portão a primeira feita foi desligar seu telefone, estava a caminho da rodoviária, é por mais infantil que fosse a idéia, pegaria a o primeiro ônibus, mas não pra qualquer lugar, secretamente alimentava essa idéia a certo tempo, iria para casa, mesmo sem saber onde ela estava.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Reflexo.

De frente ao chão novamente puderam perceber, palavras transformaram o que seria uma tarde agradável numa noite interminável. Diferentemente de todos, era ali o mais articulado quando não se tratavam de emoções, toda sua eloqüência se esvaia tão rápido quanto um guardanapo caindo do colo de uma moça em seu primeiro encontro. Eles continuavam ali com ele, sem ao certo sem saber o que fazer e se havia algo a ser feito, impassível, ele também permanecia ali. Foi quando algo aconteceu, sentiu num momento inusitado algo diferente, aconteceu de forma tão rápida, que ali não teve como processar tudo, nem era sua intenção, raro isso acontecer, sempre pensava ter controle de tudo que estava a sua volta, se não o controle mas sabia o que se passava, era sempre assim que naturalmente as coisas aconteciam, ali naquele momento, sentiu algo diferente, de forma inesperada palavras, elas que antes tinham tornado o tormento inicial tinham agora um poder tão forte que reverteram o acontecido em certa alegria. Mas como dito anteriormente foi rápido, apesar do tempo de não processar, não teve como continuar, a dúvida então tomou o lugar da fresta de felicidade.
Pena janela já podia se dizer que era mais de três da manhã, era bom com horas mesmo sem nunca estar com um relógio em punho, uma vez tentou usar um de bolso, com o qual se adequou, porém ao fim da bateria nunca o levou a alguém para troca-lá. Seus observadores não pareciam estar ali, ele não tinha certeza, seus olhos estavam distantes, olhava para a televisão, mas estava a canais de distância daquilo, sutilmente virou os olhos, não ninguém mais estava por perto, sempre gostou de barulho para iniciar seu sono, e a televisão cumpria esse papel com excelência, dali podia até escolher o idioma com o qual adormeceria ou o nível de peso, geralmente deixava em documentários de civilizações antigas, não achava que aprenderia por osmose ou coisas do tipo, simplesmente eles diziam o necessário para um ótima noite de sono, pois entretiam na medida certa, a concentração necessária para que fosse desligado com calma.
Seus sonhos tinham voltado, era algo normal, eles se vão e voltam, quando voltam ficam por uma duas semanas, não era um peso, até ficava intrigado para que eles aparecessem, subconsciente, não acreditava nisso, só acreditava em momentos desapercebidos de seu dia fariam ligações extraordinárias em roteiros nunca antes imaginados por ele, mas não era dali que tirava suas idéias, segundos após acordar já tinha se esquecido de tudo, e mesmo fazendo toda a força do mundo não conseguia se lembrar de quase nada, o máximo era sempre o lugar e com sorte pessoas envolvidas, mas os acontecimentos, jamais, uma vez pensou até em dormir segurando um bloco de folhas e uma caneta, achou perigoso e idiota ao mesmo tempo mesmo não sendo um sonâmbulo, canetas não lhe traziam boas lembranças, sempre falham sempre, na hora mais importante, não estão ali, mas para rabiscos certas vezes inúteis sempre deixam seu rastros.
Por um minuto tinha se deixado levar por pensamentos e não sabia se toda a expectativa criada era válida, estava ali, sem poder sair e as vezes sem até querer, tinha poucas certezas em seu caminho, e elas não eram muito animadoras, não gostava de ser dominado, mas admirava isso, sempre com pessoas fortes, as que não eram continuavam sendo benvindas, mas nunca tiveram peso de verdade e mudaram seu mundo, humanos fortes, que falavam o que queriam sem se importar com represálias ou julgamentos, mesmo ele as tratando com indiferença não via mais sentido na vida, se não a de fazer o que se pensa da maneira que lhe fizer bem a cabeça, claro que era uma toada impressionantemente complicada de se encontrar, mas quando o fazia era fácil encontrar em seus olhos um sorriso e uma calma absoluta, por mais reversa que a situação fosse. Animação era toda contida em revés, sensacional como ele lidava com elas, em um primeiro momento sempre corria atrás de ajuda, para as coisas que em seu interior lhe traziam prazer, ficou extremamente constrangido quando se deu conta disso, nunca tinha conhecido pessoas assim, somente em estereótipos sem noção em algumas séries de televisão e filmes, não achava possível ser natural de uma pessoa essa conduta, não pode conter um sorriso falso frente a um espelho cheios de lágrimas, era aquilo que ele era, gostava daquele sentimento ruim, nunca tinha sido mimado, era orgulhoso, não se dava por vencido, por isso não entendia como era prazeroso ser pisado, mas não de maneira forçada, quando feito de forma sutil o tirava os pés do chão, isso fazia dias que se passavam em pleno silêncio outros que precisava gritar e fazer barulhos constantemente, não tinha sido por vontade de própria mas assim tinha construído sua rotina emocional, se olhava no espelho e de certa forma gostava do que via, até os lapsos de sentimento, o que deve ser normal para todos, nele tinham um efeito ridiculamente diferente, no sul de sua alma sentia um como se um trem passasse encima dele e como mágica, roubavam-lhe os sentimentos, se tornava frio e distante por meses, incapaz de se sentir melhor, incapaz de se sentir mal, o perturbava, mas não o tiravam o foco, algo fantástico em sua concepção, se permanecesse focado não necessitava de nada nem ninguém, mal sabia que o mundo para ele não funcionava assim, e permanecia ali trancado pelas janelas de sua alma, sem comunicação alguma com o mundo exterior, algumas vezes piscava e tinha certo contato, e eram eles que trazia certa alegria para sua vida, e continuava ali de lado, deitado esperando a sua vez.

quarta-feira, outubro 14, 2009

Manual.

E não sabia se por ironia ou por amor, mas ele continuava ali preso. Preso em si mesmo, algemado as próprias memórias, boas e ruins, realmente não importava, estavam todas ali encarcerando e transformando o homem que agora ele mal conhecia em algo vazio, sim vazio. Mas nada era tão dramático quanto ele mesmo, e jamais deixaria que isso saísse de controle, pessoas ao seu redor, até as mais próximas não notavam ele diferente, ele fazia questão disso, mesmo não sendo a mesma pessoa e dificilmente se reconheceria como era anos atrás, talvez meses, se fez continuar numa levada na qual não há volta, contudo saída ainda existia. Sabia bem que quando as coisas começam da forma errada nada se pode fazer para mudar esse patamar, logo o fim pra si sempre teve certeza que era o inverso, tudo sempre acabava bem, se não está bem é porque ainda não está no fim, se lembrava de sua avó que sempre lhe disse isso, secretamente levava isso com ele diariamente como se fosse um lema, não que mudasse muita coisa mas tinha vários desses de frases jogadas ao acaso por pessoas com qual mantinha contato, a mais importante e que todos os dias precisava ser feita era o sorriso, a cada manhã tinha como que uma missão, fazer algo que lhe rendesse um sorriso, contido nisso nunca procurar alguém para culpar nas coisas que aconteciam, sim friamente tudo que acontecia tinha uma razão, e mesmo que a razão de tudo fosse pois vinha de atos humanos e falhos, não culpava a ninguém, nem a si mesmo. Passividade e permissividade o dava título de tranquilo, de bem com a vida, sempre bem, bem é uma palavra que esconde sentimentos, ela retrata um estado não ruim, e ao mesmo tempo não bom, já que, isso sempre na cabeça dele, bem é algo que sempre pode estar melhor, ou seja nunca é o suficiente, se ao menos todos deixassem de lado e falassem a verdade sempre, que as vezes é desconhecida como no seu caso, coisas seriam muito mais fáceis. O cativeiro que ele se encontrava era obscuro e distante de tudo que já havia vivido, coisas dos jovens diriam os anciões e experientes que dizem já ter visto de tudo e conhecem as mazelas da vida, vida essa que o sufocava, não era demais se fosse pensar a fundo, mas que dia pós dia aquela pequena falta de ar fosse agoniante, nada se acaba até que se chegue o fim, fim que no qual o que tinha de esperanças ainda habitava, tinha medo do destino, tal idéia de que tudo já esteja planejado podia até fazer sentido, mas preferia ocupar sua cabeça em outras coisas, era um homem simples, de fácil compreensão, sem necessidade que se explicasse duas vezes, se fez assim sendo injusto consigo próprio, ninguém podia ser assim, manuais nunca funcionam.

Postal.

“E, por ouvi-la incessantemente, não a escutam. Não há necessidade de ouvi-la.”
Partiu desta premissa no momento em que parou de ler seu livro, seu sonho de criança e a realidade na qual estava instalado eram inversamente diferentes. Mesmo assim, não desistia, o que procurava agora ao invés de mundos distantes, vilões de revistas em quadrinhos e ao mais tardar garotas, o que ele queria agora era algo nunca antes visto, era essa sua única meta.
Premissas são interessantes, no seu caminho de saída parou na cozinha e tomou meio copo de água, o virou e deixou pela borda da pia. Pegou suas chaves e deixou o seu mundo só com as vestes do corpo, alguns trocados e um certo brilho nos olhos. O mundo lhe tachava de coitado sempre o zombou do minuto em que nasceu até hoje, não deixava que isso lhe tirasse o sorriso de sua face,  o leilão que era feito com suas emoções por cada um que conhecia não afetava, de verdade, diziam três, e ele sempre optava pelo dois, e nessa levada as horas, dias, anos passavam, já tinham ido vinte e cinco, era justo e ao mesmo tempo firme, o tempo sempre se despede antes do esperado e nem sempre tão caloroso. Chegando ao térreo, saiu de sua morada, foi diretamente à banca de jornal, não comprou nada além de um cartão postal, não tirava fotos, sempre teve na vida prazer de ter que voltar aos lugares pra ver as coisas novamente,  mas dessa vez teria que ser diferente, sabia que voltar aquela cidade seria complicado demais, e não arriscaria ficar sem uma recordação, por mais sutil que fosse, virou o postal e logo escreveu a data ali mesmo com uma caneta que estava ali a deriva. Seguiu caminhando, nunca teve um carro, ora por falta de dinheiro ora por falta de vontade, mas sempre andava com sua habilitação na carteira. Andou até chegar no Banco Federal, passou pela porta giratória de vidro, abriu a blusa, mostrando explosivos e gritou em alto e bom som:
"-Todos ao chão, não quero explodir todos hoje.”

sábado, setembro 19, 2009

Bunda.

As manhãs eram sempre iguais, seu Oswaldo acordava sempre entre às seis e as sete da manhã, colocava seu par surrado de tênis, com suas meias a meia altura e saia de casa, a orla da praia lhe fazia companhia diariamente. Geralmente em sua corrida matinal nunca pensava em muitas coisas concretas, foi quando uma moça passou por ele também correndo de manhã, nos seus vinte anos, cabelos longos claros e presos, não pode deixar de reparar em sua bunda.
Foi quando parou e pensou na sua, como tinha mudado em toda a sua vida, resolveu parar para pensar melhor, aos setenta anos de idade a idéia de fazer várias coisas ao mesmo tempo ficava cada vez menos interessante notou a falta de bancos onde se encontrava, caminhou cerca de dois minutos até encontrar algum, e se deu conta, só existiam bancos por ali na orla, e cidades sem praia, onde as pessoas se sentam quando estão fora de casa? Todos precisam se sentar é inerente a qualquer humano a necessidade física de repouso em qualquer lugar, independente de idade, gênero, religião e afins, percebeu logo que eles só existiam em ponto de ônibus e eram disputados a tapa em horários de pico, agradeceu internamente por já ter passado da época de ser rentável para com a sociedade e ter que trabalhar, a aposentadoria tinha caído como uma luva em suas mãos, vivia a vida de forma tranquila e sem maiores preocupações. Lembrou-se de que em seu tempo, quando ainda morava no interior e logo depois em São Paulo, que as pessoas iam para as praças sentavam em bancos e conversavam, as cidades hoje em dia cresceram em tamanho espacial e populacional, já o número de praças não as via tão facilmente o crescimento de bancos então era praticamente nulo, começou a indagar mais seriamente onde as pessoas vão hoje para conversar? Por mais que o telefone estivesse barato e que aquela nova invenção que não tira os jovens frente a televisão combinada com a máquina de escrever, internet combo ou coisas do tipo que escutava sempre quando nos intervalos de quando assiste o noticiário. como tais invenções substituíram os bancos?
Foi mais afundo ainda em seus pensamentos lembrou-se quando estudava e que os humanos se tornaram bípedes se adquiriram uma certa aversão ao chão, se antes colocávamos a mão nele para andar, nos dias de hoje nem a bunda é mais aceita nele, ainda que vestida, nada pode tocar o que nossos pés tocam, são sujos, foi até mais longe, talvez porque sejam perto do inferno.
Olhou o relógio na avenida e percebeu que tinha ficado ali mais tempo que devia, voltou em seu caminho com alguns pensamentos pertinentes como a implementação de mais bancos em sua cidade mas a visão da bunda da jovem achou melhor esquecer por hora, a sua esposa certamente não acharia um bom tema para o café da manhã.

terça-feira, setembro 08, 2009

Minutos.

Dez ele disse, e ainda mais estipulou outra regra, quando falar dez novamente, solte sua caneta.

Frio, acaba de sair do meu corpo, um simples movimento de músculos transformam minutos diários em lembranças, eternas ou diárias são elas que trazem à tona a individualidade de toda e qualquer pessoa. Discordo de Schoppenhauer que disse que o homem deve apenas manter contato com outros seres humanos quando necessário e em outras ocasiões evitar esse contato. Digo que de bom grado levo minha vida em desacordo com isso, a cada sol que nasce no horizonte, tento fazer, até que ele se ponha novamente em sua rotina infinita, contato máximo com outros, a sensação que outra pessoa tem a possibilidade de ser a extensão de seu corpo, nem que seja por míseros segundos ou horas, dias, anos, vida. Acredito que não estamos acostumados com tal idéia de confinamento e afirmo com mais certeza ainda que a raça humana nunca esteja capaz, em sua grande maioria, fazemos disso nossa punição para criminosos em todo o mundo, quem não consegue viver de acordo com as máximas impostas por nós mesmos é levado a um exílio conduzido ou mesmo a morte, que talvez seja a melhor opção para quem realmente não se adequa aos moldes em vigor nos dias de hoje, até porque do outro lado, ninguém sabe, eis o mistério da fé. Esta que por meio de ótimos artifícios conseguem controlar grande parte da população mundial até nos dias de hoje e tudo se deve ao controle parcial do.
Medo, foi o que eu senti antes dessa e de todas as experiências sociológicas em minha vida, tudo que envolva relação com outros e principalmente ponto de vistas diversos fazendo com que o seu deixe de ser uma referência prático para tudo o que acontece em sua volta. Esse sentimento custa caro, mas se faz valer dos melhores momentos em uma existência, não deixem que a i.

Dez, parei.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Necessidade.

Nunca achei importante escrever, de verdade, nunca tive dúvidas que as melhores idéias são aquelas que ainda estão dentro de sua cabeça, do momento que elas saem de lá, simplesmente perdem seu brilho da expectativa gerada internamente. Não tiro o valor de que elas podem simplesmente ultrapassar expectativas e maravilhar olhos humanos, simplesmente sinto que para esses casos, a expectativa em si era muito baixa, satisfação depende sim de referencial e a partir do momento que não é mais estipulada uma referência, qualquer coisa pode acontecer.
Logo não escrevo sempre, pra falar a verdade quase nunca escrevo algo, e quando o faço, paro de frente a uma folha qualquer de caderno e não há a necessidade de parar, talvez só para trocar a música de fundo, essencial para quase todos os momentos.
Ler sim é importante, de revistas, livros, internet, não sou como saudosistas que têm aversão a tudo que é digital e democrático, tudo que facilita a comunicação entre as pessoas, da maneira mais inútil que seja é sim valida, e podem se achar coisas boas em praticamente todos os lugares, questão de paciência, tempo hábil e vontade. Já esse blog mal o divulgo, não espero que alguém leia, não acho bom nem ruim, não conseguiria achar a palavra certa para descrevê-lo, e sendo franco nunca achei necessário.

terça-feira, agosto 04, 2009

Barulho.

     Acordou, se deu conta da manhã que estava perdendo enquanto estava em sua cama, a televisão não havia sido desligada na noite anterior, canal de animais, assasinatos de bisões passavam em frente aos seus olhos, detestava canais desse tipo, mas eram os que o faziam dormir melhor.
     Bestas se matando em busca do alimento de cada dia, sentia que a evolução humana não havia deixado isso de lado, apenas tinha modificado as aparências, mas a parte de um matar o outro a cada dia ainda estava presente na vida de cada um.
     Desolado foi para o chuveiro, sentou, ficou ali por uns quarenta minutos, o suficiente para que a fumaça tornasse complicada a exatidão de sua visão ali dentro. Escutou  batidas na porta, desligou o chuveiro, se enxugou, era sua mulher, mal teve tempo de limpar os olhos da neblina causada por ele mesmo, ela o abraçou, não falou nada além de um oi e o apertou com os braços tão forte, da maneira que ele sempre gostou. Ela havia voltado de viagem, ficara dois meses fora, não eram casados, nem namorados como diziam, mas estavam sempre juntos e juntos durante quatro ou cinco anos, ela não havia dito para onde ia na última visita, ele também nunca perguntou, levava o relacionamento assim e sempre achou que era o mais fácil.
     Durante esse tempo dela fora, ele que sempre se manteve indiferente, agiu de maneira diferente, ainda não sabia explicar porque, mas agiu. Comprou coisas que nunca precisou, deixou o impulso tomar conta de si em várias formas, até se permitiu conhecer pessoas novas, reviu velhos amigos, teve a sensação de perda de muitos sentimentos nesse período em que passou simplesmente trabalhando e dormindo resumidamente, já que em suas memórias poucas tinham sido as vezes em que riu só por rir, de velhos acontecimentos de seus anos anteriores.
     Ela ainda estava linda, e sabia fazer um olhar à ele que ele nunca conseguiu encontrar em nenhuma outra mulher, talvez o sorisso que ele fazia em frente a esse olhar significasse o mesmo para ela, talvez, nunca iria perguntar, medo de perder a magia e ao mesmo tempo, não importava, agora com ela de volta tinha certeza, não importa o que havia passado, tudo seria bom, não igual, mas bom.

sexta-feira, junho 19, 2009

Fracasso. Começou a se perguntar por que sempre o acontecia, duas a três vezes por ano pelas suas contas, o mesmo voltava a mostrar suas faces, talvez seguisse um padrão, ritmo, talvez fosse assim mesmo, não tem como um humano não falhar nunca, todos os diziam, mas não é bem assim todos os humanos que merecem ser lembrados por suas conquistas não costumavam a falhar, e quando falharam foi ai, o inicio de suas quedas. Sabia que tinha que levantar, já era oito e meio em seu relógio modificado sempre vinte minutos adiantado, não sabia o porquê fazia aquilo, mas sempre o fazia com todos, em desacordo com suas pernas, que prefeririam continuar ali em repouso em sua cama e seu edredon surrado.
Todas suas canecas estavam sujas, não importava, já que sua cabeça não conseguia dar atenção aos pormenores da vida como a limpeza, ao olhar pela janela percebeu que a barba já havia dominado sua face, teve medo, nunca gostou da idéia de fechar os olhos e quando abri-los perceber que sua vida tinha passado. O peso da possibilidade de não ter mais nada a ser que feito que realmente gerasse uma mudança, sempre pensou grande, por mais que não fosse mais uma pessoa jogada em um centro urbano, abriu a porta de seu banheiro, procurou sua lâmina, nunca acendia aquela luz, gostava de claridade em seus banheiros, talvez algum trauma de infância, talvez mania, não se importava, a janela proporcionava toda luminosidade que necessitava.
Sua mente era péssima pra lidar com pensamentos, uma vez que um deles estivesse em evidência dificilmente ela abria espaço para outros. E aquilo era algo que realmente o incomodava, sua feição não conseguia disfarçar, se tirassem um foto e pedissem pra qualquer um escrever uma legenda seria tristeza. Finalmente colocou seus sapatos, pegou seus pertences, uma carteira velha, o celular que funcionava por boa vontade já e suas chaves, no caminho até o elevador rapidamente teve a idéia de invadir alguma daquelas portas e conhecer as pessoas por de traz daquela madeira, rapidamente o fracasso voltava a ter papel principal.
Era quarta-feira, dia maldito, nunca gostava delas, traziam a tona sentimentos estranhos, sempre pensara que isso acontecia de fato, pois era o meio da semana, e os desejos de um bom fim de semana eram reprimidos pela idéia de suportar a quinta-feira e a sexta-feira, já havia estava escurecendo, jurava que quando tinha visto o relógio da cama pensava que era da manhã, já não trabalhava há algum tempo, com o dinheiro que ganhou do fundo de garantia aplicado conseguia viver facilmente de juros, achava incrível como um banco pega seu dinheiro e vai aumentando sempre um pouquinho por mês, a lógica disso talvez nunca entenda, mas mesmo assim era fascinado.
Buzinas, como as pessoas conseguiam fazer com tanta primazia o mau-uso de um instrumento, sempre teve vontade de engatar a marcha ré e colidir com qualquer um que use q buzina como forma de expressão no trânsito caótico da cidade. Não tinha pressa, achava que quem a tivesse teria que ter começado a deslocar antes, salvo as ambulâncias que estão à serviço da sociedade. No meio do trajeto percebeu que tinha se esquecido para onde estava indo, se lembra apenas de sair de casa e começar a dirigir, não fazia idéia pra onde se dirigia, apenas se perguntava o porquê de sua performance ser tão abaixa do esperado.
Decidiu que precisava jantar, uma caneca suja com leite açucarado não o manteria em pé por muito tempo.

quarta-feira, junho 03, 2009

Sazonalidade Intermitente


Pernas, por entre elas
O caos cíclico da vida
O humano visto de cima
Ver tudo se esvaindo sem rédeas

Olhos, por si só cansados
O caminho nem sempre se mostra
Porém não existem outras rotas
Então seguem frustrados

Palavras tentam se sobressair
Suprimidas no meio de estilhaços
Assistindo todo o sistema ruir

A idéia de simplesmente correr
Situação hipotética de fracasso
O mundo fora feito para perecer

besosmebipem!

quarta-feira, março 25, 2009

A ideologia, de Chauí entre outros


O livro O Que É Ideologia de Marilena Chauí, da Editora Brasiliense participante da coleção Primeiros Passos, teve sua primeira edição em 1980. O livro procura explicitar o que realmente é a ideologia, ampliando a visão de Destutt de Tracy, filósofo, político, soldado francês, que foi líder da escola filosófica de Ideólogos, criador do termo ideologia, com o significado de ciência das idéias. Com o passar do tempo, mais e mais sentidos foram aderidos ao termo, passando pelas mãos de Karl Marx, Hegel entre outros pensadores. A autora usa de vários exemplos, mas quase sempre adotando e seguindo a visão marxista sobre a ideologia e como a mesma legitimiza a exploração e dominação, suas origens, mecanismos, fins e efeitos.
O livro se resume em três capítulos, são eles: “Partindo de alguns exemplos, Histórico do Termo, A Concepção Marxista de Ideologia”, este último sendo extremamente maior que ambos os primeiros, e é nele que está centrada toda a idéia do livro que contém apenas 125 páginas, quase um livro de bolso, porém extremamente teórico, e rico em exemplos.
Ela lembra de Arquimedes e gregos da antiguidade, e seu objeto de estudo, o movimento, visto como todas as alterações da realidade se davam por quatro causas, e toda e qualquer relação entre elas explicavam o movimento, eram elas: material, formal, motriz e final, sendo que elas são umas mais importantes que as outras, a final tem a posição superior nessa hierarquização, tal qual a sociedade grega, que era dividida em dois grupos, que também podiam ser associados às quatro causas, a causa final, os cidadãos e o motriz os escravos, fazendo com que a causa final seja eficiente, pois se encontra totalmente subordinada à primeira causa. A ideologia para Chauí fundamentalmente tem que pegar a realidade histórica e social e tirar delas as idéias de maneira independente, fazendo com que as idéias expliquem a realidade e as idéias nela construídas.
As idéias são na verdade, como diz Chauí: “expressões de condições reais, porém de modo invertido e dissimulado”. Ela é também é um fato social, já que maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo, segundo Durkhein formam o fato social, a Ideologia é formada pelas relações sociais. Porém, a mesma, esconde subliminarmente a tal realidade explicada, para que os interesses da classe dominante não sejam feridos, fazendo com que eles sejam guardados e até promovidos para que essa realidade possa legitimar a dominação de certas classes sobre outras, usando de artifício uma realidade que seja aceitável e supostamente justa, mesmo que ela não seja. Sempre se apoiando no Positivismo de Auguste Comte, principalmente no Holismo, que é a idéia de que a propriedade de um sistema quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicados apenas pela soma de seus organismos, e também na conservação do Status Quo.
A concepção de Marx, já é vista bem no inicio, com a separação do momento histórico com a produção de idéias, fazendo os homens apenas instrumentos ocasionais da história que caminha por conta e sentido próprio. Forçando-nos a entender que a ideologia é uma concepção distorcida da história ou uma abstração completa de tal, ela só é produzida pelas condições objetivas da existência social dos indivíduos. Ponto importante na visão hegeliana a alienação seria, quando o sujeito não se reconhece como produtor das obras e como sujeito da história, mas toma as obras e a história como forças estranhas, exteriores, alheias a ele e que o dominam e perseguem. Essa falta de reconhecimento acontece até hoje por parte de quem detêm o poder político ou econômico, fazendo com que o estado seja um meio de realização de seus objetivos, que faz com que a dominação não seja percebida pelas classes dominadas, que por sua vez acreditam nas legislações, que defendem seus direitos, e fazem de todos os seres humanos iguais perante dela.
A dialética marxista acontece porque seu motor não é a força de Espírito, mas a força do trabalho material propriamente dito, as ideologias próprias de cada classe social nascem com a divisão de trabalho, físico ou intelectual, essa divisão é imposta ao cidadão socialmente, então todo o conjunto de relações sociais que aparecem nas idéias, existem por si só e não advindas de ações humanas.
Então pode ser entendido como se houvesse uma ordem natural das coisas, não há como ser feito nada para mudança, criando alienação nas classes que não criam conflito com o Status Quo, e se sujeitando a aceitar a ideologia imposta pela classe dominante.
O livro vale a pena para iniciar a leitura no assunto, e o leva a se aprofundar em pensadores citados no livro, e também a procurar outros pensadores e até em atuais que também tratem dessa temática, tal como Gilles Lipovetsky, que trata da sociedade pós-moderna, e as suas relações padronizadas que cada vez mais vão se personalizando, mudando o processo de criação de idéias de cada indivíduo, recomendo o livro Era do Vazio, um ensaio sobre o individualismo contemporâneo.
Marilena Chauí, filha do jornalista Nicolau Chaui e da professora Laura de Souza Chaui, nasceu em São Paulo em 1941. Cursou Filosofia na USP, onde também fez pós-graduação e defendeu seu mestrado. Iniciou, em 1967-69, seu doutorado na França e veio defendê-lo em 1971, também na USP, onde, em 1977, defendeu sua tese de livre-docência e, em 1987, fez concurso e tornou-se professora titular de filosofia. Leciona no Departamento de Filosofia da USP e sua áreas de especialização são História da Filosofia Moderna e Filosofia Política. Membro fundador do Partido dos Trabalhadores foi secretária municipal de Cultura de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina. Vem escrevendo trabalhos sobre ideologia, cultura, universidade pública, além de obras sobre as filosofias de Merleau-Ponty e Espinosa.

Ya, cansa, bejosmebipa!

quarta-feira, março 18, 2009

Ensaio Sobre o Bigode

No mundo atual indubitávelmente, a consulta aos diversos militantes oferece uma interessante oportunidade para verificação da gestão inovadora da qual fazemos parte. Todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam dúvidas sobre se o desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação faz parte de um processo de gerenciamento das novas proposições. Desta maneira, o entendimento das metas propostas causa impacto indireto na reavaliação do investimento em reciclagem técnica. Percebemos, cada vez mais, que o acompanhamento das preferências de consumo ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança das regras de conduta normativas. Caros amigos, o início da atividade geral de formação de atitudes afeta positivamente a correta previsão do orçamento setorial. O cuidado em identificar pontos críticos no novo modelo estrutural aqui preconizado garante a contribuição de um grupo importante na determinação das direções preferenciais no sentido do progresso. Podemos já vislumbrar o modo pelo qual a estrutura atual da organização acarreta um processo de reformulação e modernização do retorno esperado a longo prazo. A prática cotidiana prova que a revolução dos costumes obstaculiza a apreciação da importância do fluxo de informações.

As experiências acumuladas demonstram que a adoção de políticas descentralizadoras estimula a padronização dos modos de operação convencionais. Não obstante, a competitividade nas transações comerciais maximiza as possibilidades por conta das diretrizes de desenvolvimento para o futuro. A certificação de metodologias que nos auxiliam a lidar com a expansão dos mercados mundiais pode nos levar a considerar a reestruturação dos conhecimentos estratégicos para atingir a excelência. O empenho em analisar a determinação clara de objetivos agrega valor ao estabelecimento dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

Gostaria de enfatizar que o fenômeno da Internet assume importantes posições no estabelecimento das condições financeiras e administrativas exigidas. Do mesmo modo, a crescente influência da mídia estende o alcance e a importância do sistema de participação geral. Por conseguinte, a valorização de fatores subjetivos representa uma abertura para a melhoria do processo de comunicação como um todo. Ainda assim, existem dúvidas a respeito de como o aumento do diálogo entre os diferentes setores produtivos promove a alavancagem dos níveis de motivação departamental. É claro que o comprometimento entre as equipes aponta para a melhoria do levantamento das variáveis envolvidas. Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, uma vez que o desafiador cenário globalizado não pode mais se dissociar de alternativas às soluções ortodoxas. Assim mesmo, a consolidação das estruturas desafia a capacidade de equalização de todos os recursos funcionais envolvidos. É importante questionar o quanto a execução dos pontos do programa cumpre um papel essencial na formulação do remanejamento dos quadros funcionais.

Por base é isso ai mesmo... Bejosmebipem!