quarta-feira, outubro 14, 2009

Manual.

E não sabia se por ironia ou por amor, mas ele continuava ali preso. Preso em si mesmo, algemado as próprias memórias, boas e ruins, realmente não importava, estavam todas ali encarcerando e transformando o homem que agora ele mal conhecia em algo vazio, sim vazio. Mas nada era tão dramático quanto ele mesmo, e jamais deixaria que isso saísse de controle, pessoas ao seu redor, até as mais próximas não notavam ele diferente, ele fazia questão disso, mesmo não sendo a mesma pessoa e dificilmente se reconheceria como era anos atrás, talvez meses, se fez continuar numa levada na qual não há volta, contudo saída ainda existia. Sabia bem que quando as coisas começam da forma errada nada se pode fazer para mudar esse patamar, logo o fim pra si sempre teve certeza que era o inverso, tudo sempre acabava bem, se não está bem é porque ainda não está no fim, se lembrava de sua avó que sempre lhe disse isso, secretamente levava isso com ele diariamente como se fosse um lema, não que mudasse muita coisa mas tinha vários desses de frases jogadas ao acaso por pessoas com qual mantinha contato, a mais importante e que todos os dias precisava ser feita era o sorriso, a cada manhã tinha como que uma missão, fazer algo que lhe rendesse um sorriso, contido nisso nunca procurar alguém para culpar nas coisas que aconteciam, sim friamente tudo que acontecia tinha uma razão, e mesmo que a razão de tudo fosse pois vinha de atos humanos e falhos, não culpava a ninguém, nem a si mesmo. Passividade e permissividade o dava título de tranquilo, de bem com a vida, sempre bem, bem é uma palavra que esconde sentimentos, ela retrata um estado não ruim, e ao mesmo tempo não bom, já que, isso sempre na cabeça dele, bem é algo que sempre pode estar melhor, ou seja nunca é o suficiente, se ao menos todos deixassem de lado e falassem a verdade sempre, que as vezes é desconhecida como no seu caso, coisas seriam muito mais fáceis. O cativeiro que ele se encontrava era obscuro e distante de tudo que já havia vivido, coisas dos jovens diriam os anciões e experientes que dizem já ter visto de tudo e conhecem as mazelas da vida, vida essa que o sufocava, não era demais se fosse pensar a fundo, mas que dia pós dia aquela pequena falta de ar fosse agoniante, nada se acaba até que se chegue o fim, fim que no qual o que tinha de esperanças ainda habitava, tinha medo do destino, tal idéia de que tudo já esteja planejado podia até fazer sentido, mas preferia ocupar sua cabeça em outras coisas, era um homem simples, de fácil compreensão, sem necessidade que se explicasse duas vezes, se fez assim sendo injusto consigo próprio, ninguém podia ser assim, manuais nunca funcionam.

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