sexta-feira, outubro 16, 2009

Reflexo.

De frente ao chão novamente puderam perceber, palavras transformaram o que seria uma tarde agradável numa noite interminável. Diferentemente de todos, era ali o mais articulado quando não se tratavam de emoções, toda sua eloqüência se esvaia tão rápido quanto um guardanapo caindo do colo de uma moça em seu primeiro encontro. Eles continuavam ali com ele, sem ao certo sem saber o que fazer e se havia algo a ser feito, impassível, ele também permanecia ali. Foi quando algo aconteceu, sentiu num momento inusitado algo diferente, aconteceu de forma tão rápida, que ali não teve como processar tudo, nem era sua intenção, raro isso acontecer, sempre pensava ter controle de tudo que estava a sua volta, se não o controle mas sabia o que se passava, era sempre assim que naturalmente as coisas aconteciam, ali naquele momento, sentiu algo diferente, de forma inesperada palavras, elas que antes tinham tornado o tormento inicial tinham agora um poder tão forte que reverteram o acontecido em certa alegria. Mas como dito anteriormente foi rápido, apesar do tempo de não processar, não teve como continuar, a dúvida então tomou o lugar da fresta de felicidade.
Pena janela já podia se dizer que era mais de três da manhã, era bom com horas mesmo sem nunca estar com um relógio em punho, uma vez tentou usar um de bolso, com o qual se adequou, porém ao fim da bateria nunca o levou a alguém para troca-lá. Seus observadores não pareciam estar ali, ele não tinha certeza, seus olhos estavam distantes, olhava para a televisão, mas estava a canais de distância daquilo, sutilmente virou os olhos, não ninguém mais estava por perto, sempre gostou de barulho para iniciar seu sono, e a televisão cumpria esse papel com excelência, dali podia até escolher o idioma com o qual adormeceria ou o nível de peso, geralmente deixava em documentários de civilizações antigas, não achava que aprenderia por osmose ou coisas do tipo, simplesmente eles diziam o necessário para um ótima noite de sono, pois entretiam na medida certa, a concentração necessária para que fosse desligado com calma.
Seus sonhos tinham voltado, era algo normal, eles se vão e voltam, quando voltam ficam por uma duas semanas, não era um peso, até ficava intrigado para que eles aparecessem, subconsciente, não acreditava nisso, só acreditava em momentos desapercebidos de seu dia fariam ligações extraordinárias em roteiros nunca antes imaginados por ele, mas não era dali que tirava suas idéias, segundos após acordar já tinha se esquecido de tudo, e mesmo fazendo toda a força do mundo não conseguia se lembrar de quase nada, o máximo era sempre o lugar e com sorte pessoas envolvidas, mas os acontecimentos, jamais, uma vez pensou até em dormir segurando um bloco de folhas e uma caneta, achou perigoso e idiota ao mesmo tempo mesmo não sendo um sonâmbulo, canetas não lhe traziam boas lembranças, sempre falham sempre, na hora mais importante, não estão ali, mas para rabiscos certas vezes inúteis sempre deixam seu rastros.
Por um minuto tinha se deixado levar por pensamentos e não sabia se toda a expectativa criada era válida, estava ali, sem poder sair e as vezes sem até querer, tinha poucas certezas em seu caminho, e elas não eram muito animadoras, não gostava de ser dominado, mas admirava isso, sempre com pessoas fortes, as que não eram continuavam sendo benvindas, mas nunca tiveram peso de verdade e mudaram seu mundo, humanos fortes, que falavam o que queriam sem se importar com represálias ou julgamentos, mesmo ele as tratando com indiferença não via mais sentido na vida, se não a de fazer o que se pensa da maneira que lhe fizer bem a cabeça, claro que era uma toada impressionantemente complicada de se encontrar, mas quando o fazia era fácil encontrar em seus olhos um sorriso e uma calma absoluta, por mais reversa que a situação fosse. Animação era toda contida em revés, sensacional como ele lidava com elas, em um primeiro momento sempre corria atrás de ajuda, para as coisas que em seu interior lhe traziam prazer, ficou extremamente constrangido quando se deu conta disso, nunca tinha conhecido pessoas assim, somente em estereótipos sem noção em algumas séries de televisão e filmes, não achava possível ser natural de uma pessoa essa conduta, não pode conter um sorriso falso frente a um espelho cheios de lágrimas, era aquilo que ele era, gostava daquele sentimento ruim, nunca tinha sido mimado, era orgulhoso, não se dava por vencido, por isso não entendia como era prazeroso ser pisado, mas não de maneira forçada, quando feito de forma sutil o tirava os pés do chão, isso fazia dias que se passavam em pleno silêncio outros que precisava gritar e fazer barulhos constantemente, não tinha sido por vontade de própria mas assim tinha construído sua rotina emocional, se olhava no espelho e de certa forma gostava do que via, até os lapsos de sentimento, o que deve ser normal para todos, nele tinham um efeito ridiculamente diferente, no sul de sua alma sentia um como se um trem passasse encima dele e como mágica, roubavam-lhe os sentimentos, se tornava frio e distante por meses, incapaz de se sentir melhor, incapaz de se sentir mal, o perturbava, mas não o tiravam o foco, algo fantástico em sua concepção, se permanecesse focado não necessitava de nada nem ninguém, mal sabia que o mundo para ele não funcionava assim, e permanecia ali trancado pelas janelas de sua alma, sem comunicação alguma com o mundo exterior, algumas vezes piscava e tinha certo contato, e eram eles que trazia certa alegria para sua vida, e continuava ali de lado, deitado esperando a sua vez.

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