quinta-feira, agosto 19, 2010

Sol.

Definitivamente precisava de mais alguém embaixo de seu edredom, os dias não estavam tão frios assim, ele estava. Em menos de cinco meses mais de dez erros, e sabia enumerá-los um a um, e nessa levada sabia que simplesmente não seria feliz, tinha certeza também que não estava triste, enfim queria mais.
Olha ai, outro dia nasce, novas esperanças são geradas a cada gole de café quente e se esvaem mais rápido que a fumaça se desfaz no ar frio e cortante das manhãs de julho. Continuava desempregado, e não era só na carreira profissional que ninguém o queria, ou melhor quem queria não era nada perto do esperava e queria, ficava claro que não era exigente, mas não perdia tempo com o que não lhe caia bem, e isso era uma verdade irrefutável.
Tinha ídolos em quase todas as áreas, menos no amor, não sabia destacar um bom nome, real ou fictício continuava complicado para si, nem mesmo um poeta conseguia descrever aquela palavra, se era o caminho ou a perdição, o resultado da vida ou uma madrugada de carnaval, não sabia.
Seus delírios de inverno continuavam, cada noite era um martírio de sonhos estranhos, acontecimentos inimagináveis, tinha medo de adormecer e ao mesmo tempo não podia esperar aquelas cores, sensações e o melhor de tudo rever cada uma delas, não eram conhecidas em vida, pelo menos achava que não, mesmo tendo características bem peculiares de conhecidas, não fazia idéia de quem eram as coadjuvantes em cada noite. Não acordava por nada enquanto estavas neles, elementos de fora simplesmente entravam em cena e não o tiravam, o som do despertador por exemplo se tornava a trilha sonora e por ela dançavam, a luz que entrava sorrateiramente pela janela fazia um pôr do sol estonteante.
Pra fugir disso era simples, dormia assim que o sol nascia e acordava logo depois de duas ou três horas, desta maneira ia para festa mas perdia o melhor dela.

terça-feira, agosto 17, 2010

Bloco.

Não tinha mais poder de nada, a medida que o tempo passava, perdia quem era, mudava constantemente, mas o mais importante já estava decido, continuar daquela maneira não fazia sentido algum. Claro que seu coração já não funcionava mais direito, ao longo do tempo tantos traumas que não era nem confiável deixar tudo em suas mãos, já a razão aparentemente permanecia intacta, aparentemente.
Dores de cabeça se tornaram freqüentes, deixava claro que iria se perder mais uma vez, qualquer coincidência não era verdade não escolhia tais atributos a si, mas de uma forma ou de outra sentia que na hora as coisas deveriam ser assim.
Mudava de humor da mesma velocidade que um sinal de trânsito mudava suas cores, mas nem sempre tinha sido assim, o que queria ter estava longe, mesmo acreditando que aquilo podia mudar, ele iria fundo, se arrebentaria por uma sensação parecida com o que tinha antes. Mesmo assim era digno e não olhava para trás, da mesma forma que ela tinha o destroçado, pouco importava, a medida que perdia contato o medo aumentava, do que era feita aquela relação enfim?
Em vão seguia naquele bloco, se atrevia a dançar conforme a música, a distância entre as mãos de ambos era imensa o único momento de união era o pensamento, talvez só dele, talvez louco, não um vagabundo, a vida ainda valia a pena, mesmo sem a mulher amada e aquele falso amor, não se convencia que ele não merecia aquilo, chorava sim, a ilusão se desfazia machucando aquele coitado sonhador, ah se ele pudesse entender o que dizem aquele olhar.