sexta-feira, junho 19, 2009

Fracasso. Começou a se perguntar por que sempre o acontecia, duas a três vezes por ano pelas suas contas, o mesmo voltava a mostrar suas faces, talvez seguisse um padrão, ritmo, talvez fosse assim mesmo, não tem como um humano não falhar nunca, todos os diziam, mas não é bem assim todos os humanos que merecem ser lembrados por suas conquistas não costumavam a falhar, e quando falharam foi ai, o inicio de suas quedas. Sabia que tinha que levantar, já era oito e meio em seu relógio modificado sempre vinte minutos adiantado, não sabia o porquê fazia aquilo, mas sempre o fazia com todos, em desacordo com suas pernas, que prefeririam continuar ali em repouso em sua cama e seu edredon surrado.
Todas suas canecas estavam sujas, não importava, já que sua cabeça não conseguia dar atenção aos pormenores da vida como a limpeza, ao olhar pela janela percebeu que a barba já havia dominado sua face, teve medo, nunca gostou da idéia de fechar os olhos e quando abri-los perceber que sua vida tinha passado. O peso da possibilidade de não ter mais nada a ser que feito que realmente gerasse uma mudança, sempre pensou grande, por mais que não fosse mais uma pessoa jogada em um centro urbano, abriu a porta de seu banheiro, procurou sua lâmina, nunca acendia aquela luz, gostava de claridade em seus banheiros, talvez algum trauma de infância, talvez mania, não se importava, a janela proporcionava toda luminosidade que necessitava.
Sua mente era péssima pra lidar com pensamentos, uma vez que um deles estivesse em evidência dificilmente ela abria espaço para outros. E aquilo era algo que realmente o incomodava, sua feição não conseguia disfarçar, se tirassem um foto e pedissem pra qualquer um escrever uma legenda seria tristeza. Finalmente colocou seus sapatos, pegou seus pertences, uma carteira velha, o celular que funcionava por boa vontade já e suas chaves, no caminho até o elevador rapidamente teve a idéia de invadir alguma daquelas portas e conhecer as pessoas por de traz daquela madeira, rapidamente o fracasso voltava a ter papel principal.
Era quarta-feira, dia maldito, nunca gostava delas, traziam a tona sentimentos estranhos, sempre pensara que isso acontecia de fato, pois era o meio da semana, e os desejos de um bom fim de semana eram reprimidos pela idéia de suportar a quinta-feira e a sexta-feira, já havia estava escurecendo, jurava que quando tinha visto o relógio da cama pensava que era da manhã, já não trabalhava há algum tempo, com o dinheiro que ganhou do fundo de garantia aplicado conseguia viver facilmente de juros, achava incrível como um banco pega seu dinheiro e vai aumentando sempre um pouquinho por mês, a lógica disso talvez nunca entenda, mas mesmo assim era fascinado.
Buzinas, como as pessoas conseguiam fazer com tanta primazia o mau-uso de um instrumento, sempre teve vontade de engatar a marcha ré e colidir com qualquer um que use q buzina como forma de expressão no trânsito caótico da cidade. Não tinha pressa, achava que quem a tivesse teria que ter começado a deslocar antes, salvo as ambulâncias que estão à serviço da sociedade. No meio do trajeto percebeu que tinha se esquecido para onde estava indo, se lembra apenas de sair de casa e começar a dirigir, não fazia idéia pra onde se dirigia, apenas se perguntava o porquê de sua performance ser tão abaixa do esperado.
Decidiu que precisava jantar, uma caneca suja com leite açucarado não o manteria em pé por muito tempo.

quarta-feira, junho 03, 2009

Sazonalidade Intermitente


Pernas, por entre elas
O caos cíclico da vida
O humano visto de cima
Ver tudo se esvaindo sem rédeas

Olhos, por si só cansados
O caminho nem sempre se mostra
Porém não existem outras rotas
Então seguem frustrados

Palavras tentam se sobressair
Suprimidas no meio de estilhaços
Assistindo todo o sistema ruir

A idéia de simplesmente correr
Situação hipotética de fracasso
O mundo fora feito para perecer

besosmebipem!