sábado, setembro 19, 2009

Bunda.

As manhãs eram sempre iguais, seu Oswaldo acordava sempre entre às seis e as sete da manhã, colocava seu par surrado de tênis, com suas meias a meia altura e saia de casa, a orla da praia lhe fazia companhia diariamente. Geralmente em sua corrida matinal nunca pensava em muitas coisas concretas, foi quando uma moça passou por ele também correndo de manhã, nos seus vinte anos, cabelos longos claros e presos, não pode deixar de reparar em sua bunda.
Foi quando parou e pensou na sua, como tinha mudado em toda a sua vida, resolveu parar para pensar melhor, aos setenta anos de idade a idéia de fazer várias coisas ao mesmo tempo ficava cada vez menos interessante notou a falta de bancos onde se encontrava, caminhou cerca de dois minutos até encontrar algum, e se deu conta, só existiam bancos por ali na orla, e cidades sem praia, onde as pessoas se sentam quando estão fora de casa? Todos precisam se sentar é inerente a qualquer humano a necessidade física de repouso em qualquer lugar, independente de idade, gênero, religião e afins, percebeu logo que eles só existiam em ponto de ônibus e eram disputados a tapa em horários de pico, agradeceu internamente por já ter passado da época de ser rentável para com a sociedade e ter que trabalhar, a aposentadoria tinha caído como uma luva em suas mãos, vivia a vida de forma tranquila e sem maiores preocupações. Lembrou-se de que em seu tempo, quando ainda morava no interior e logo depois em São Paulo, que as pessoas iam para as praças sentavam em bancos e conversavam, as cidades hoje em dia cresceram em tamanho espacial e populacional, já o número de praças não as via tão facilmente o crescimento de bancos então era praticamente nulo, começou a indagar mais seriamente onde as pessoas vão hoje para conversar? Por mais que o telefone estivesse barato e que aquela nova invenção que não tira os jovens frente a televisão combinada com a máquina de escrever, internet combo ou coisas do tipo que escutava sempre quando nos intervalos de quando assiste o noticiário. como tais invenções substituíram os bancos?
Foi mais afundo ainda em seus pensamentos lembrou-se quando estudava e que os humanos se tornaram bípedes se adquiriram uma certa aversão ao chão, se antes colocávamos a mão nele para andar, nos dias de hoje nem a bunda é mais aceita nele, ainda que vestida, nada pode tocar o que nossos pés tocam, são sujos, foi até mais longe, talvez porque sejam perto do inferno.
Olhou o relógio na avenida e percebeu que tinha ficado ali mais tempo que devia, voltou em seu caminho com alguns pensamentos pertinentes como a implementação de mais bancos em sua cidade mas a visão da bunda da jovem achou melhor esquecer por hora, a sua esposa certamente não acharia um bom tema para o café da manhã.

terça-feira, setembro 08, 2009

Minutos.

Dez ele disse, e ainda mais estipulou outra regra, quando falar dez novamente, solte sua caneta.

Frio, acaba de sair do meu corpo, um simples movimento de músculos transformam minutos diários em lembranças, eternas ou diárias são elas que trazem à tona a individualidade de toda e qualquer pessoa. Discordo de Schoppenhauer que disse que o homem deve apenas manter contato com outros seres humanos quando necessário e em outras ocasiões evitar esse contato. Digo que de bom grado levo minha vida em desacordo com isso, a cada sol que nasce no horizonte, tento fazer, até que ele se ponha novamente em sua rotina infinita, contato máximo com outros, a sensação que outra pessoa tem a possibilidade de ser a extensão de seu corpo, nem que seja por míseros segundos ou horas, dias, anos, vida. Acredito que não estamos acostumados com tal idéia de confinamento e afirmo com mais certeza ainda que a raça humana nunca esteja capaz, em sua grande maioria, fazemos disso nossa punição para criminosos em todo o mundo, quem não consegue viver de acordo com as máximas impostas por nós mesmos é levado a um exílio conduzido ou mesmo a morte, que talvez seja a melhor opção para quem realmente não se adequa aos moldes em vigor nos dias de hoje, até porque do outro lado, ninguém sabe, eis o mistério da fé. Esta que por meio de ótimos artifícios conseguem controlar grande parte da população mundial até nos dias de hoje e tudo se deve ao controle parcial do.
Medo, foi o que eu senti antes dessa e de todas as experiências sociológicas em minha vida, tudo que envolva relação com outros e principalmente ponto de vistas diversos fazendo com que o seu deixe de ser uma referência prático para tudo o que acontece em sua volta. Esse sentimento custa caro, mas se faz valer dos melhores momentos em uma existência, não deixem que a i.

Dez, parei.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Necessidade.

Nunca achei importante escrever, de verdade, nunca tive dúvidas que as melhores idéias são aquelas que ainda estão dentro de sua cabeça, do momento que elas saem de lá, simplesmente perdem seu brilho da expectativa gerada internamente. Não tiro o valor de que elas podem simplesmente ultrapassar expectativas e maravilhar olhos humanos, simplesmente sinto que para esses casos, a expectativa em si era muito baixa, satisfação depende sim de referencial e a partir do momento que não é mais estipulada uma referência, qualquer coisa pode acontecer.
Logo não escrevo sempre, pra falar a verdade quase nunca escrevo algo, e quando o faço, paro de frente a uma folha qualquer de caderno e não há a necessidade de parar, talvez só para trocar a música de fundo, essencial para quase todos os momentos.
Ler sim é importante, de revistas, livros, internet, não sou como saudosistas que têm aversão a tudo que é digital e democrático, tudo que facilita a comunicação entre as pessoas, da maneira mais inútil que seja é sim valida, e podem se achar coisas boas em praticamente todos os lugares, questão de paciência, tempo hábil e vontade. Já esse blog mal o divulgo, não espero que alguém leia, não acho bom nem ruim, não conseguiria achar a palavra certa para descrevê-lo, e sendo franco nunca achei necessário.