segunda-feira, novembro 02, 2009

Reta.

Quando entrou no carro, fechou a porta e colocou a chave na ignição. As palavras ainda ressoavam na sua cabeça, saiu dali, era começo de tarde, pós almoço quando as pessoas num domingo estão alojadas em seus sofás conversando, vendo televisão ou simplesmente dormindo, ele não, ao largar as ruas e entrar na estrada sua mente pode descansar um pouco, mas a frase ainda estava lá, tomando o espaço entre o vazio que as rodovias lhe proporcionavam, na hora sentiu uma vontade de trocar seu destino e ter pego um barco, por mais que a idéia de ser dirigido por outra pessoa por algumas horas fosse horríveis para ele o mar o acalmava, só de olhar era o bastante, quando estava sobre ele então era a melhor medicina. Não iria dar meia volta agora, trocou estações de rádio a esmo, não achou nada a seu gosto, que estava completamente sofisticado, chato em outras palavras. Pegou um cd riscado embaixo do banco nem acreditava que ele ainda estaria ali, pela data marcada à caneta pela própria mão, já faziam cinco anos, cinco anos, e como mágica sabia de cor todas as letras das músicas, pelo retrovisor era visível certo sorriso no canto dos lábios enquanto cada palavra saía de sua boca. Todo o arrependimento instalado até então nele havia se esvaído. Foi quando percebeu que não eram só as letras das músicas que estavam em sua cabeça, mas as ditas antes de entrar no carro, o desespero foi tão grande que soltou as mãos do volante por um instante. Teve certeza de que a pessoa que lhe disse aquilo estava errada, e por isso estava tão inquieto, deixou de ser quando o carro foi de encontro à árvore. “Todas as curvas são retas”.

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