segunda-feira, novembro 23, 2009

Ar.

Estavam sentados há mais de quinze minutos, o ônibus já saía da cidade e entrava na rodovia. Não , não se falavam, mal trocavam olhares, e cada um media esforços para não fazer qualquer tipo de contato, mas era claro que o oposto de tudo isso acontecia quando o outro olhava para o outro lado. Ao redor ninguém notava o que se passava bem ali ao redor. Estava frio, ela mesmo estando do lado da janela não fechou o ar condicionado, levava consigo um casaco e se cobriu com ele, o rapaz por sua vez nada tinha além da roupa do corpo e pela chuva que caia na estrada sabia que não teria um fim de noite tão bom, ela tinha fechado os olhos, ele ficou um tempo a observando, nada de concreto passava em sua cabeça, naquele momento se perguntou se devia fazer algo, não chegou a nenhuma conclusão, por fim decidiu fazer o mesmo que ela, abaixou um pouco mais sua poltrona, ela mal se mexia, podia até dizer que estava sonhando, virou a cabeça para o outro lado e fechou seus olhos.
Na estrada pequenas curvas ao longo do caminho fizeram com que as pernas dos dois se encostassem e ali encontrassem alguma forma de calor, e ele mesmo sonolento, achou bom, e continuou com aquela forma de contato, ela algumas vezes mexeu os braços pra arrumar de melhor forma os casaco que estava sendo usado como uma manta. A chuva apertava cada vez mais, olhou as horas num relógio prata do pulso dela, eram quase oito da noite, já não se via mais o sol, sorriu, não soube porque, mas o fez.
Estavam em um grande curva, já era a cidade que tinha como rumo, no primeira esquina, com a diminuição da velocidade, a maioria das pessoas acordava, ela não foi diferente ajeitou os cabelos novamente, olhou as horas, se espantou pela noite ter chegada desavisada, deu um suspiro, mal olhou para o lado, mas notou que ambas as pernas estavam juntas, quase que um carinho disfarçado, nada fez, continuou daquela mesma maneira.
As luzes se acenderam, ele ficou estático, não sabia como reagir, ao contrário dele sabia exatamente como se portar naquela situação, ao menos parecia, ao chegarem na rodoviária, se decidiu, levantou pegou sua mochila e saiu sem olhar para trás, sabia que nunca mais a veria, pra ser franco nem a conhecia, passividade o irritava. Ela foi a última a descer,despreocupada já pensava no próximo.

Um comentário:

Yellow disse...

hahahaha senti um climinha em especial nesse texto ai, gostei da parte em que era "quase que um carinho disfarçado"... beijos