segunda-feira, abril 05, 2010

Sal.

“É melhor você ficar por aqui mesmo”, era o que todos os amigos lhe diziam, e talvez estivessem certos, ali perto deles sabia que não existiam muitas coisas possíveis de lhe afetar a segurança. Não estava mais atrás disso.
Sentia que possuía certa liberdade de vida, morava sozinho, e passava a maior parte do tempo consigo mesmo, não sabia se era mesmo ironia mas nem mesmo nos ônibus sentavam ao seu lado, e cada viagem se tornava mais fria, não era pela chegada do inverno ou a chuva simplesmente era ele.
Não sabia como lidar com as pessoas ao seu redor, ou pior sabia tão bem que não fazia questão disso, o problema de não fazer questão era que seus princípios batiam de frente com sua vontades. Sentia dentro de si, sua libido tinha sido esquecida a tanto tempo atrás que voltava cada vez mais grande, por instantes se deixava levar pelo seus instintos, nesses momentos de desatino era óbvio que queria aproveitar tudo que o próprio havia privado, se permitia sentir e agir à gosto de qualquer pensamento.
E claro que viveu assim por longo tempo, até os meses nos quais precedem aquele conselho de suas amizades. Não impunha mais aqueles ritmos, suas vontades estavam enterradas tão fundo que não vinham a superfície com tanta freqüência, e para ser mais franco ainda não vinham mais. Sua inabalável zona de conforto havia se esvaído de forma tão casual que levou tempo até que fosse notada, uma vez que notada lhe trazia um vazio nunca sentido antes.
A verdade é que estava perdido, voltas pelas cidade na madrugada se tornaram habituais, se flagrava caminhando pelas ruas da cidade somente acompanhado de um silêncio frio que só era quebrado pelos automóveis em alta velocidade que mal sabiam o que se passava naquela alma.
Naquela noite após três quadras virou á direita e sabia mesmo sem notar, tinha como destino a praia, a lua despejava melancolia nele, nada de poético, triste não tinha nenhuma canção de consolo pro momento, o mar tentou suprir esse papel. E ficou ali sentado de frente ás ondas de costas ao mundo, as ondas molhavam seus sapatos, como se importasse, continuou ali não mais que quinze minutos se levantou olhou para os céus, nada era óbvio que precisava de ajuda.

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