quarta-feira, abril 14, 2010

Conforto.

Demorou mais tempo que os outros, mesmo um século depois chegou a uma conclusão óbvia, lembrar de tudo é sofrer demais, e como não seria?
Então entrou em um dilema diferenciado, como seria a partir de agora, não conseguia segurar sua língua, voltando para casa pós cada fim de noite tinha em mente que seu coração não tinha mais morada, de todos os lugares possíveis para pousá-lo grande parte estavam ocupados, distantes, desinteressados. Melhor maneira não havia de expressar seu descontentamento quando isso do que em frente ao álcool, se soltava agia de maneira não socialmente esperada, e cometia erros, erros que por muitas vezes afetou seu relacionamento com outras pessoas.
Longe de melhores dias no horizonte, não via como uma mudança de pensamentos podia mudar sua rotina, a insônia não lhe largava, os exercícios que muitas vezes o ajudaram a limpar a mente estavam cada vez mais distantes, e acima de tudo, não se sentia bem. Mas o que poderia pensar? Como e porquê? Mais a fundo ainda, por quem?
Seu calendário não importava o mês, era impressionante como continha anotações e riscos, mais atarefado que o presidente da nação, péssima comparação, sentia que nunca completaria todos os espaços da sua “to do list”.
O vento fazia barulho naquela quarta feira, as janelas batiam, contudo não estava frio, tampouco estava lhe incomodando, sabia que aquilo era inexorável à sua essência, bem quando não precisava e vice versa. Seus sonhos não lhe diziam nada, só ótimos acontecimentos que nunca ocorreriam, ou seja, seu único momento de descanso se tornou um tormento, fazia o máximo de coisas no dia, e mesmo assim não tinha apreço nenhum ao sono, dizia aos outros, perda de vida, aproveite melhor seu tempo, e resistia nisso até nas madrugadas chuvosas nas quais qualquer um se entrega facilmente ao edredom e o conforto de suas camas, acompanhados ou não.
Ele continuava insistindo em se tornar algo melhor, talvez pelas mecânicas erradas, mas insistia, lia tudo que podia, sobre os mais diversos assuntos, vivenciava o que podia, não o que queria, tudo que tinha era em si um grande afogamento de mágoas, ninguém sabia e tampouco se importava, em conversas era correto, sozinho caia em contradição, não se respeitava, e limites eram esquecidos.
Olhou para o violão, após as duas da manhã, ninguém dormiria por ali mesmo, não valia nada.

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