quinta-feira, abril 22, 2010

Bellum.

Não imaginava como chegaria rápido aos quarenta e dois. Naquela noite havia acordado as quatro da manhã, nenhum barulho anormal, na verdade não havia ninguém em casa, olhou para os lados, silêncio, puxou seu celular descobriu as horas e se situou um pouco, decidiu se levantar, a cabeça doía um pouco, sem hesitar tomou um pílula e ao fazer isso descobriu que estava sem água, potável, foi ao banheiro e ligou o chuveiro, quase se esqueceu da toalha, deixou que a água escorresse por todo seu corpo, mal conseguia pensar, pouco a pouco a fumaça tomou espaço de todo o lugar, aproveitou o momento escovou os dentes ali mesmo tomando banho, aquelas cerdas plásticas não eram nada agradáveis considerando os anúncios de televisão.
A sensação de frio saindo do banheiro é magistral, por mais que ele pensasse que tinha se secado o suficiente, cada gota de água proporcionava um gélido arrepio em si. Tinha dormido lendo, seu computador permanecia aberto ao seu lado na cama, mesmo sendo de solteiro, cabiam milhares de coisas ali, a verdade era que não ocupava muito espaço.
Tirou todas as coisas de cima da cama, puxou uma vez mais seu edredom sob si, o frio já tinha ido embora porém necessitava sentir algo naquela noite, nem que fosse o conforto impessoal de trezentos fios e cem por cento algodão.
Ficou surpreso tamanho a velocidade a qual adormeceu, sabia que perdia o controle de tudo mas tinha consciência que iria só assistir os eventos que aconteceriam e vivenciaria por ali, o pior era ter a consciência de que nada ali seria útil e real, e cada minuto ali não lhe era satisfatório, por mais perfeito e tangível que parecesse ser naquele espaço de tempo, não se iludia e a cada despertar sabia que cada noite não lhe garantia acesso a lugar algum.
Acordou um dia a mais, e sabia que nada havia mudado de fato, statu quo res erant ante bellum.

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