terça-feira, abril 27, 2010

Lógico.

Pega a caneta, solta a caneta, a cena se repete por três vezes mais…
Sentiu que o certo seria não ter pego mais a caneta, mas era claro que faria exatamente o contrário do que tinha por certo.
Errava mensalmente como se trabalhasse para isso, como qualquer ser humano se arrependia antes de mesmo fazer as coisas, e sabia que não ia deixar de fazê-las.
As cartas tinham endereço certo, sempre chegavam, algumas vezes tinha respostas, nunca resolveram nenhum problema, nem trouxe alívio que fosse, mas a sensação da ansiedade até a reposta sempre lhe era satisfatória, e sabia que pessoas reagem diferente para mesmos estímulos, ela seguia essa regra, mesmo que inconscientemente, era mágico para ele.
Pousou a caneta ao lado das folhas, não era hora para escrever mais. Não duvidava de que na maioria das vezes o que fazia surtia efeito contrário, e como assim insistia no erro, impensável.
Engraçado, a paixão lhe desmembrava, o deixava fraco, sem saber como ficaria, e nunca se indignava, preferia as saudades ao nada. De uns tempos pra cá parou de se policiar, a barba estava por fazer a mais de meses, alimentação fraca destoava com seu físico, sem muito explicar se entregava.
Seu olhar a cada dia espelhava melhores paisagens, ela com o mesmo jeans, o porto de fundo, o mar tomava conta da música de fundo, a vizinhança já reconhecia os dois ali sentados, bancos de madeira parafusados, nada mais, precisava?
Claro que não acontecia mais, as coisas rumavam para um futuro diferente, incerto, lógico. O problema era o mesmo que trazia alegria tempos atrás, assiduidade nunca estaria numa lista de aspectos ruins, hoje tinha como certeza de que mais uma vez pela última vez se sentiria da mesma forma, só. 

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