sexta-feira, abril 16, 2010

Rasa.

Apenas viva, apenas viva, apenas viva, já parecia não bastar, veja bem a televisão lhe dizia sempre, se entretenha, compre, compartilhe, tropicalize. Algumas brasilidades e luxos não faziam falta alguma, irresponsável era o que era, perto de seus vinte anos se orgulhava de menos coisas que efetivamente poderia.
Sentia falta de neve, sabia que estava totalmente adaptado aquele clima agora, provavelmente estava mais frio que ela própria. Do lado de baixo do equador os acontecimentos não eram muito animadores e se aconteciam, a vontade não era voltar por onde já tinha andado e feito, sentia atrelado em seu peito a vontade de explorar novas cidades, costumes, pessoas.
Estava estagnado em apenas vontades e não se movia, sentia necessidade de regresso à tabula rasa, de uma folha em branco escrever uma vez mais sua vida, não uma segunda chance, um recomeçar, na verdade agora seria mais interessante, contava com sua experiência a favor, passar pelas tentativas e erro seria totalmente revigorante, seria como uma trapaça planejada, um novo início com pressupostos totalmente egoístas, bom somente para si.
Tinha em mente que seu bem estar dependia e transpassava de si só, era óbvio que sorrisos alheios lhe alegravam, precisamente os delas. Bastavam semanas pra perder a noção do quais eram seus sentimentos e o de outras, numa mistura atrapalhada sabia que em pouco tempo teria um novo hobbie, o desafio de depender de sentimentos alheios que tanto os satisfaziam.
A folha já estava em branco, só lhe faltava a tinta.

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