quinta-feira, abril 29, 2010

Novamente.

Não importava o quanto dormia, ainda permanecia cansado, sua agenda lotada e vazia claro que não fazia diferença, não era isso que lhe tirava o sossego.
Suas camisas estavam mal arrumadas, os sapatos espalhados pelo cômodo, a janela aberta e uma lua nada deslumbrante no céu, sobre aqueles dez andares era tudo que tinha.
Mesmo a palavra tudo ser algo muito relativo, não considerava quase mais nada como posse, e se apegava muito a essas poucas coisas, sim eram coisas não simplesmente objetos.
Considerava tudo aqui, e aqui tudo pode ser visto como algo relativamente pequeno, era sua morada, e era óbvio perceber que não se sentia bem ali, em pouco tempo dezenas de eventos haviam ocorrido ali, e alguns eram absurdo a quantidade de vezes que se repetiam, pagava as contas sempre atrasado, dividia o elevador sempre com as piores pessoas, que lhe fazia seriamente pensar em ir de escada diariamente, escutava seus álbuns a um som relativamente alto em qualquer horário, entre outras. Seu sentimento naquele lugar era praticamente constante também, nunca muito bom para ser franco, tanto que o lugar lhe lembrava o azul, uma cor nem sempre brilhante e alegre como o céu, para ele aquela cor lhe trazia um vazio inexplicável, mesmo de noite, jurava que que o céu continuava da mesma cor.
Era pra fora que olhava todos as noites, aquele vazio interminável penetrava suas retinas, e ali ficava, os carros passavam, ninguém andava por lá mais, as nuvens sempre diferentes permeavam entre sua mente, e parado naquela janela com os braços para fora sentia que tinha oportunidades, mas nenhum poder ainda, ou seja vazio de novo e de novo e de novo.

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