domingo, abril 25, 2010

Riso.

Claro que a culpa recairia sobre seus ombros, a cama continuava ali desarrumada, não tinha ela, não tinha paz, e era tão convicto disso quanto que dois mais dois seriam quatro. Convicção não lhe ajudava em nada, ficava imaginava como continuar levando vida daquela maneira, queria vê-la, não precisava ser de nenhuma forma especial, podia estar recém acordada, com cabelos desarrumados, sem alguma maquiagem, tinha a certeza que continuaria linda, além disso não esperaria menos que algumas horas, sua voz por mais que fosse contraditória, conseguia ao mesmo tempo ser doce e sutil de tal forma que mesmo que não concordasse com nada que ela dizia ao fim de cada frase assentia com a cabeça fazendo menção de compreendê-la, aquilo era único e especial nela pensava consigo mesmo.
Mente e coração convergiam em saudades, estúpido, era ótimo em começar e terminar outros romances em questões de horas por ai afora, não esperava encontrar as mesmas características em outra, simplesmente ficaria feliz com novas que suprimissem aquelas outras, vezes atrás de vezes não encontrava e voltava ao início, ao nada.
No seu relógio de bolso, sim era antiquado, não se importava, marcavam onze horas e onze minutos, lembrou-se de velhas amizades que sempre comentavam da melhor hora do dia para se fazer pedidos, uma vez que todos os números da hora eram iguais, nunca viu sentido nem nexo nisso, mas daquela vez mesmo se sentindo ridículo, fechou os dedos e os olhos, e sem mover um centímetro dos lábios solfejou o nome dela, olhou para o seu redor… nada, segurou um certo riso pela brincadeira, decidiu ir à padaria mais próxima, mas naquele ano pela primeira vez já tinha certeza o que pedir para no natal, dias melhores, ela talvez nem o bom velhinho conseguisse.

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