segunda-feira, junho 06, 2011

Carros.

Praticamente era uma pessoa nova, não era mais questão de sentido, aos poucos tudo caía, pela pia ficavam seus restos, algo que há alguns anos sustentava, sem qualquer parte emotiva fixada ali.
Talvez parecesse mais novo, continuava sem noção de quão ridículo podia parecer, não precisava mais de conselhos e sim de experiências, quebraria a cara quantas vezes fossem necessárias.
Mal via todos que queria, não só a distância, talvez o tempo, talvez vontade, se reservava direitos exclusivos, trocava quase tudo por uma xícara de chá.
De lado na mesa se esforçava e não conseguia olhar para fora, repousava a xícara sobre a janela, colocava sua cabeça para fora e apreciava o vento, todas as outras janelas, luzes apagadas, as da rua acessa e de companhia só alguns carros, todos apressados, todos com destinos, aparentemente.
Sabia que o silêncio ali era a melhor recompensa para si, não consegui cogitar mais mudanças, mesmo insatisfeito com o presente não via alternativas palpáveis num futuro próximo, talvez fosse simplesmente assim, nunca estava realmente ali e bom.
Traçava planos com uma certeza de que nunca estaria errado, pelo menos tentava transpassar isso, não tinha nem certeza de que camiseta usaria no dia seguinte ou se teria janta.
Sempre teve a confiança ao seu lado, jamais pensaria que por ali escapando das mãos dela perderia isso totalmente, irônico pensar que nas únicas horas que necessariamente precisava ser confiante ele não transparecia nenhuma, e por si só podia dizer que a fraqueza e as lágrimas eram revoltantes, deveriam ser apenas usadas quando roubam todos os pesos das palavras, não tinha sido o caso até então, todo esse drama, todos esses dias.
Fazer amizades era ótimo, mas antes de fazer histórias, queria vivenciá-las, sentir de verdade o gosto de tudo, se perder em abraços, sentir a batida de corações tão incertos quanto a noite.
Sobre isso sabia exatamente, não existe morte pior que o fim da esperança, não esperava mais nada de ninguém além dele, dali podia confiar na alegria e nas tristeza.

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