segunda-feira, junho 27, 2011

Sofá.

A graça é não sentir o gosto, é se perder de tal forma onde nada faça sentido e você consiga continuar sorrindo. Sentado ali cada gole doía, repuxava a garganta, segurava a tosse e levantava os lábios, ali ninguém merecia o ver de verdade.
Nada de leilões, qualquer esboço de ruptura já mudava tudo, não era só ele que se encontrava assim porém não encontra mais ninguém ali, o couro repuxado do sofá mostrava que ali já estiveram muitas outras pessoas, mesmo assim de quente só sua cabeça. Provavelmente era febre, não se daria ao trabalho de medi-lá e deixar que a preocupação roubasse lugar do sono. Eventualmente ela iria embora, todas iam e a lembrança de hospital já não era tão boa, coquetel de medicações aliados com tudo que estava naquele corpo, não parecia que fosse caber tudo.
Levantou dali decidido, pegou outra lata, andou por círculos por uma série de vezes, ninguém existia ali, qualquer contato visual rápido não era assimilado. Descia as escadas, passava a mão sob seu pescoço, nada normal, mil surpresas a espreita e nenhuma dessas interessava.
Oo olhos passavam longe de transparecer simpatia, jogava água, limpava a cara, escondia a olheira, fechava a porta e apagava tudo novamente, era uma arte, viver sem saúde e sem boa vontade, no rosto só sinceridade, no peito somente saudade.

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