quinta-feira, junho 23, 2011

Avião.

Todos os dias passavam tão rápido, o outono já havia terminado e pelas ruas felicidade pelo seu quarto nada demais, algumas garrafas pelo chão, a luz apagada, olhava pela janela e pensava não era tão ruim estar ali.
Nenhuma dúvida que tinha feito escolhas certas evidente que convivia com o que podia, não escolhera nada apenas aceitava.
E tão certo quanto a gravidade tudo corria bem e sim sabia que voltaria a ser aquele que desprezava, desta vez sabia que não era mais pela facilidade mas pela indiferença, a camada de impessoalidade um tanto quanto espessa novamente era criada. Nenhuma novidade, os dias passavam tão vazios quanto ele como se isso fosse possível, grandes novidades eram suprimidas pelo momento, pela primeira vez talvez pudesse dizer que entedia a malaise, o mal-estar o consumia e sempre mais uma contravenção pela frente.
Simplesmente não saber dizer mais não valia como argumento, por entre batidas novas a única que sentia falta era do coração dela. Buscava em outros discos inspiração pra construir algo melhor em si, se embriagava na preguiça e se apoiava na falta de tempo pra tudo, não que fosse mentira, mal tinha tempo para dormir e estava atolado em projetos pessoais e impessoais, tudo valia a pena. Só precisava de um prazo e os estímulos vinham de toda essa pressão.
Caminhar ainda tinha o mesmo gosto, novas paisagens mesmos sentimentos, seria tão previsível assim? Seus passos alternavam entre a calçada e a grama, de um lado o trânsito caótico da capital de outro a serenidade de uma lagoa, contraste tão bacana quanto as estrelas e as luzes do avião sobre ele.
Tão ruim quanto isso era sempre a sensação de estar vivendo a vida de uma outra pessoa, nunca estar ou ter confiança e se dizer satisfeito, se não se importar ninguém se machuca certo? Iria esperar quanto tempo para que a vida lhe mostrasse que estava errado, não fazia ideia, mas de alguma forma já cogitar isso era uma pequena espécie de avanço.
De nada adiantaria reclamar pois tudo ia sob os conformes, cama, banho, rotina, rotina, rotina e quanto mais vivenciava isso menos fazia sentido, fugir não adiantava, ficar ali não era uma obrigação mas sim uma escolha, iria mudar ao invés de adiantar.

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