quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Alento.

Tantos amigos e nada, nada acontecia, nada que realmente valesse a pena para ele. Retirou da tomada todos os telefones de casa, atirou o celular para o alto, estava aflito.
Ao passar daquela semana notou que nada mais o trazia a felicidade, desconhecia seu próprio sorriso, fez a barba, seu queixo estava mais branco que o resto do corpo, rejuvenesceu cerca de cinco anos com isso, mesmo assim não tinha certeza se era daquilo que precisava. Sua cabeça doía, remédios faziam efeito dia sim dia não, seus pulmões agiam de maneira estranha, mas não via algum diante de seus olhos.
Naquele sábado já estava de noite, havia acordado tarde, não tinha mais um lugar só seu, suas janelas pareciam se esconder do sol e nem cortinas tinha, tinha atraído quem queria para perto de si, e com mesma intensidade criava motivos para afastá-los, incrível pensava consigo, nada que fizesse teria resposta, ou teria?
Tinha como certeza que a solidão era uma ótima companheira, não lhe trazia arrependimentos e não o prendia em nada, sem motivos ele apreciava sua vida, seus álbuns de fotografia continuavam guardados mas os abria com tanta freqüência que pensava estar viciado na pequena sensação de humanidade que aquilo lhe proporcionava, as dores se tornavam aliadas tampouco fazia distinção delas, um amontoado de sentimentos mergulhados na solidão.
Anteriormente já havia se instalado nessa situação, mas era algo rápido nunca passava de três, quatro meses, pensava que havia aprendido a lidar com esse tipo de estado mental, mas não havia.
A verdade é que era um canalha, exatamente assim sem escrúpulos e não escondia isso de ninguém, pelo menos era honesto pensava, mudava de opinião freqüentemente e não tinha aversão alguma a exprimí-la, e como era ruim notava que não iria muito longe desta maneira, porém se sentia tão satisfeito sendo assim, por hora fazia as escolhas mais simples a si, claro que depois de algum tempo o peso de suas decisões o mutilavam, e não havia uma vez que não pagava o preço por suas atitudes.
Dor, ela lhe dava as faces novamente, aflito não tinha mais o que fazer, casa nem tão grande lhe parecia imensa frente ao imenso vazio que se expandia ocupando todos os cômodos da casa, mesmo o silêncio o irritava, nem mesmo o barulho dos aparatos eletrônicos o lhe traziam alento.
Não era mais possível fazer distinção do certo e errado, não se encaixava, não conseguia mais fingir, e todos entendiam que ele não dava a mínima, e estavam certos até aquele dia, naquela madrugada tomaria um rumo ou um café e iria para baixo do edredom, sozinho.

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