quarta-feira, julho 06, 2011

Elevador.

Mais impune que seus passos era seus pensamentos, embriagado nela e na ideia da vida sem ela, as noites eram bem dormidas agora as manhãs o atazanavam, já fazia parte de sua nova rotina cogitar como ela estaria, acordava digitava os números sem mesmo olhar, começava a escrever e ai se dava conta de que não podia fazer aquilo, quarta vez naquele mês, a gravidade era cinco vezes mais forte que o normal quando estava para apertar o botão verde, mesmo assim não era mais forte que ele.
Impedimentos nunca foi novidade para ele, vivendo com aquele salário a vida em si era uma liberdade, preso a horários e impedimentos agarrava tudo que podia com uma convicção desumana. Parava e refletia, talvez não gostasse de tanto de tudo assim, talvez não gostasse de ninguém, ela era o mais perto que esse sentimento tinha chego.
Se perdia no elevador, ao mesmo tempo que descia, seus olhos estavam longe, algo não estava certo, o bom daquele lugar era que diferente da maioria não tinha espelhos, podia perder toda a descida dos andares consigo mesmo, raramente parava para a entrada de mais alguém.
Queria poder continuar acreditando nela, fugia de todas e não conseguia se livrar do amor, algo que possivelmente nem existia mais ainda o deixava ali, perto, preso, preocupado, inerte.
A porta abria o frio voltava, o céu nada fazia, o sol nem machucava mais os olhos, cara fechada pela rua, ninguém lhe distribuía os sorrisos de volta mesmo. Quanto mais caminhava pela cidade menos apaixonado ficava por aqui, a infraestrutura própria ficava cada vez mais seletiva, dela boas memórias e um futuro incerto.

Nenhum comentário: