terça-feira, abril 05, 2011

Céu.

Se pegasse a caneta agora certamente se arrependia do que sairia de sua mão, pensou melhor, não era conveniente dizer para ele se acalmar uma vez que estava sempre calmo.
Ponderava tanto antes de emitir qualquer opinião, que quando necessitava de uma resposta, uma interação ao vivo sempre se expressava mal. Preferia dar uma resposta sabendo que estava errada ao ficar calado. Na maioria das vezes isso era um problema.
Não podia afirmar que se entendiam no silêncio, mas também não era um problema, antes assim do que mais problemas.
Um abraço e uma noite passava, nunca precisou de muito para seguir, parava, pensava, pela janela aviões passavam um atrás do outro, para onde iam todos?
Fitava o relógio, fechava os olhos e na esperança de ter avançado muito o tempo, abria os olhos e sem surpresa uns vinte segundos haviam se passado, provavelmente o recorde mundial de paciência, e como era paciente, nos dois sentidos na palavra, até certo ponto não achava mais que podia influenciar em alguma coisa, esperava, vivia até onde dava, de uma vez por todas teve a coragem de efetivamente “deixar levar”, agüentava aos trancos, mas funcionava razoavelmente bem, o bastante para que investisse nisso o que fosse preciso.
Soluções escorriam por sua mente a cada minuto, sabia que não conseguiria levar todas elas a uma ação, e justamente agora que dependia delas para viver sabia que devia melhor empregá-las, ideias não são tão obedientes quanto achava, importante notar logo que elas começam a sair do nada, e não voltam, sua base é criada a partir do escuro e nele se sustentam, e uma vez explicadas mudam novamente, um jogo de luzes, talvez essa fosse a melhor analogia que fosse encontrar naquela noite.
Não tinha turbinas mas voava e longe, ia para o céu, encontrava a luz real e brutalmente descia a realidade, nada brilhante mesmo assim memorável, assim como o universo tudo aqui tinha que fazer sentido, valia a pena, tremia o peito, falta de ar característica dos dezessete anos, nada como uma pneumonia para lembrar a importância dos problemas, não haveriam mais mais explosões, o sol voltaria na manhã seguinte, não tinha certeza disso, e exatamente dessa maneira continuaria cativado.

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