sábado, março 26, 2011

Deriva.

As caminhadas tinham voltado ao normal, saía e não falava pra ninguém, ou se alguém perguntasse só dizia que tinha saído, pegava um documento a chave de casa e ia, pra onde não sabia ao certo, por entre ruas, árvores e postes, o silêncio reinava.
Já pensava demais, mas perdia muito tempo em certos tópicos deixava de lado outros muito mais importantes. Acertava de menos e errava demais, e por muitas vezes nem percebia, quão otário conseguia ser? Não fazia idéia.
Nada de luz naquelas ruas, nada nele também, chutava as pedrinhas do asfalto e olhava pra frente, não sabia prever o amanhã muito menos os anos futuros, a cada passo sentia que o tempo passava, a noite não se importava em esperar.
Voltava pra seu quarto, fitava o telefone, desistia, ia para outro lado, fingia beber água, segurava o violão mas não ousava tocar naquela hora, tirava os mesmos harmônicos de sempre, o colocava de lado e deitava, simulava o velho abraço no edredom, não conseguia se enganar mais e eventualmente dormia.
Recorrentemente iria ficar assim à deriva, seu peito tremia e assim afirmava, há tempos que estava assim e ainda se surpreendia, queria conhecê-la e eventualmente entender tudo que se passava entre os dois. Por hora sabia que valia a pena, só ela conseguia lhe arrancar os mais sinceros sorrisos, simplesmente queria poder dizer o mesmo.

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