quinta-feira, março 10, 2011

Frase.

O barulho dos cliques já eram tão sincronizados que podia criar músicas a partir dele, sobre a mesa junto com ele estavam a carteira, celular e  seus cotovelos apoiados. A luz só vinha de fora, por entre as cortinas passava um pequeno feixe dela, e aquilo o acalmava tanto, a plena presença do sol.
Por inveja sua cadeira soava também, nada magistral e obediente quanto seu adversário, mas estava ali presente. Sua mente girava naqueles dias, tentar prevê-la só servia pra se enganar, seus fones de ouvido desprezavam tudo que vinha de fora e como um filtro pré-selecionava coisas boas de que escutaria ao longo de seu dia.
Não estava perdido e solitário, mas também não descartaria esses dois adjetivos para descrever como passaria seus dias, sem si, sem ela.
Ao menos atuava bem, perdia um pouco de si próprio em cada oportunidade, procurava uma caneta em uma página qualquer, repassava dias, momentos, recados e começava a reescrever tudo, fazendo isso não conseguia ser tão forte quanto Chico, tentava apenas ser sincero, como se fosse fácil.
Ter noção de que agora ela pudesse escutar tornava tudo tão mais interessante e ao mesmo tempo aterrorizante, media cada frase, sentido e ainda assim sabia que não se expressava com a exatidão pretendida.
De uma hora para a outra fechava tudo, desplugava os fones de seu ouvido descia todos os andares e caminhava. Dali não tirava muitas conclusões, sabia quanto estava satisfeito, voltava para casa, a dizia boa noite e brigava com a cama para dormir e por poucas horas não pensar em mais nada, já que as outras dezoito horas do dia estavam reservadas para ela.

Nenhum comentário: