quinta-feira, abril 14, 2011

Amor.

Todos somos únicos e diferentes, isso nos torna todos iguais em ao menos um aspecto. Havia desistido de dormir naquela noite nem tinha mais medo dos sonhos, simplesmente não precisaria. No fim tudo havia se resolvido, tiraram pendências e com isso os vínculos não seriam mais necessários.
Não existia tanta harmonia assim, seus olhos nunca mentiam, inchados e banhados em lágrimas molhavam a camisa, não se importava, não era de esconder nada.
Mesmo assim, tinha escondido todo o discurso previamente pensado, uma toda retórica pronta jogada por água abaixo, tinha muito a dizer, mas como sempre, deixou-a falar primeiro, e com isso desabou.
Queria ter tido coragem de antes de tudo, falar que não estava tudo bem, que não queria perdê-lá novamente, queria a segurar nos braços e dizer que ninguém no mundo o fazia mais feliz e que faria de tudo para que isso não acontecesse.
Não teve, escutou e ainda assim sentiu o golpe, a mesma mão confortável e acolhedora lhe suprimia o ar, não com com maldade, mas com uma sinceridade tão característica que ele concordava em não fazer nada, via a mulher de seus sonhos escorrendo por entre os dedos, e o máximo que conseguia fazer erar coçar a barba e respirar fundo, naquele momento já não era questão de coragem, enfim ela estava decidida e ele não estava nem um pouco calejado, queria tempo, queria refletir, voltar no tempo e mudar cada passo, não podia fugir da situação, queria adaptá-la a algo que não deixasse um vazio em seu peito.
Mesmo se ele falasse que ia embora e ficaria bem estaria mentindo, o coração tinha estacionado ali anos atrás e parecia sem forças de sair, provavelmente esse seja o problema, a dor invadia, as lágrimas caíam e ele sabia que não podia fazer nada.
No fundo ela não tinha culpa de tudo isso, tampouco ele, tomado pelo receio o tempo toda daquela relação não esteve nenhuma parte do tempo realmente seguro, ela precisava de mais, queria outros sentimentos, obviamente eram muito novos pra se prender assim.
Ele deixava o silêncio falar por ele, não podia expressar a raiva de ver algum de seus erros expostos ali, perdia a linha de raciocínio muito fácil, exemplificava eventos que não tinham relação alguma só para que não ficasse mudo o tempo todo.
A casa escura, o litro acabou tão rápido, devia ter comprado mais, sabia que eventualmente esse dia chegaria e por mais fútil que fosse a garrafa podia ser sua musa, mas nunca a substituiria.
Precisava de carinho, precisava dela, desta vez o medo era muito maior, não teria uma “segunda chance”, podia parecer pouco, mas quase um quinto da vida dele estava ali, e era aquilo. Poucas certezas existem quando se tem vinte anos, que amava aquela mulher era uma das únicas. E o pior, que hoje ainda ama, e o amor consegue ser extremamente ingrato, devia ter escutado todos a sua volta, devia ter agarrado ela enquanto pode, agora só restava lamentos, lágrimas e suspiros.

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