domingo, dezembro 05, 2010

Árvore.

Chuva interminável, sem pretensão de sair de casa naquela noite, naqueles dias em geral, todos os casacos molhados, e o guarda-chuva continuava fechado e inutilizado.
O seu marasmo emocional tinha feito as malas e tinha viajado para longe sem previsão de volta, “enfim” pensava consigo mesmo.
A janela aberta deixava mais do que gotas entrarem em sua casa, pelo menos era vida entrando naquele recinto, mesmo que fosse simplesmente água ali, esplêndida a sensação de frieza que ela adicionava ao local, deixou a mão sentindo os pingos por alguns minutos, logo após enxugou as mãos e se dirigiu a cama, como se fosse fácil.
Naquela noite o dia insistia em nascer rápido, mal havia deitado e podia escutar o barulho dos carros saindo pelas garagens para as ruas, tentava evitar isso com um travesseiro sobre sua face, a claridade também atrapalhava, mas com ela estava acostumado, até gostava de como incomodava suas pálpebra. Ao ponto que não sabia se estava acordado ou dormindo, não se importava, era domingo, podia simplesmente abrir mão daquele dia mesmo.
Sentia-se num deserto, diferente do que todos imaginam, ali tinha vida, por mais improvável que fosse no meio da imensidão de vazio e areia crescia sentimento, ficava claro que alguma vez choveu ali também, nada floresce sem estímulo pensava consigo mesmo, provavelmente estivesse errado, mas mesmo assim ali ele árvore seguia confiante em suas ilusões, pra Ténéré nenhuma botar defeito.

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