quarta-feira, dezembro 08, 2010

Acalanto.

Fim de ciclos geralmente são dolorosos e refrescantes, a música nunca acabava essa era a verdade, ritmos e melodias que permeavam pelo cômodo, mudavam de minuto a minuto.
A verdade é que sem ser sentimental demais, sem ela ele não era ninguém, tão simples quanto a necessidade de um abraço, tão simples quanto Vinícius escrevera a tanto tempo atrás. O problema era pateticamente óbvio e mesmo assim sofria tanto com isso. A definição de sofrimento neste caso era única, pra variar esse sentimento era próprio e bom, diferentemente de todos, sabia que a vida em si era uma ilusão, e de quê adiantava toda essa melancolia sem dia para terminar, isso em si gerava por um lado alegria e por outro um grande aperto no peito, tudo na esperança de um sorriso dela.
Fatalmente errava, e como era bom nisso, apostas e atitudes erradas, tentava em vão esconder seu tormento, aquela mulher tão maravilhosa aos olhos dele mal sabia o carinho que ele tinha com ela. Com os demais, era a mesma pessoa desinteressante de sempre, velhas piadas sem graça, mesmos trejeitos, mesmas faces, um dos piores medos talvez fosse que pra ela transparecesse essa mesma imagem desinteressante, a qual não parece perceber que o tempo passa e com ele as pessoas também, fica a máxima, ninguém nunca esteve no mesmo rio duas vezes.
A vida só realmente existe para aqueles que se amaram, mesmo o amor não realizado é melhor que a eterna solidão, o que restaria além disso? Ele apaziguava tudo com um violão de lado, uma música qualquer, sem ideologias, verdades ou fatos, pedaços de arte por si só. Mais do que simples barulho, acalantos formados em minutos e esquecidos minutos depois, seu desapego era totalmente aceitável com isso, não largava nada fácil, por mais que o contrário fosse seu lado mais aparente para todos os outros.
Mentia tanto por fora que mal sabia quem era por dentro, sua cabeça doía quase que diariamente e a fome já era mais que uma companheira, abominava ela mas jurava não poder fazer nada contra a mesma, antes mal acompanhado do que só. Claro que essa última frase só fazia sentido contra a fome.

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