sexta-feira, setembro 17, 2010

Conta.

“Não são todas as vezes que penso em você que perco o sono, mas toda vez que perco o sono penso em você”.
Só escreveria aquilo na carta, achava estranho tanto papel para pouco o texto, de outra forma também achava estranho pouco papel para tanto sentimento num envelope amassado entregue por um terceiro.
Não achava legal falar isso pessoalmente, não dava tempo pra ela reagir, ficaria com uma expressão na cara estranha achando que teria que dar uma resposta rápida, ou no mínimo um parecer sobre a situação porque no fim das contas ela não tinha nada a ver com isso. Sim infelizmente era um problema exclusivo seu, claro que ela possuía um pouco de compaixão, não suportava ver que talvez ele ainda tivesse algum pensamento nela, talvez o amor tinha passado mas o sentimento ainda era grande, carinho e afeto não iam embora assim de uma vez.
Lá fora silêncio, de vez em quando era possível escutar um pequeno barulho de sirene, bem distante, nunca era um bom sinal, as luzes piscantes, o som, a velocidade todos alinhados em ajudar a sociedade, por alguns momentos cogitou se uma dessas ambulâncias poderia pegá-lo em casa e resolver tudo, ah se fosse fácil curarem essa ferida, não estava exposta piorava a situação ainda mais, se livrou desses pensamentos com um sorriso bobo e voltou a fitar o envelope, sentiu que não podia enviá-lo, saber que atrapalharia a vida dela de certa forma não era correto.
Por fim achou mais sensato datar, envelopar e guardá-lo, assim quando ele mudasse de ideia ou se ela um dia pudesse ler o papel saberia que naquela quarta não tinha dormido por ela, como se importasse a soma das noites não dormidas para ela, ele tinha perdido a conta.

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