domingo, maio 23, 2010

Natural.

Não sabia ao certo como, mas ambos estavam de mãos dadas, conhecia o lugar, era a rua de sua casa, movimentada sempre, muito barulho, estavam próximos da entrada e sem pudor a perguntou se gostaria de subir, ela simplesmente assentiu com a cabeça. Parecia sim a primeira vez dela ali dentro, cautelosa a cada passo, não existia muito espaço porém ali era um lugar muito mais caloroso que as ruas da cidade, se sentaram na cama e confiaram no shuffle do aparelho de som dele, nunca errava.
Acordou de fato, claro que era um sonho, estava tão óbvio, só ele não percebera, deu um sorriso amarelado para si mesmo e levantou-se.
Era domingo, pra variar não existia nada na geladeira e nem em outro lugar da casa, saiu e fez o desjejum da mesma maneira de sempre, sem surpresas pensou consigo mesmo. Claro que estava enganado, seu celular tocava, pegou despretensiosamente, era ela, deu um longo suspiro e atendeu, como a voz soava maravilhosamente no telefone, às vezes se perdia no que ela falava, às vezes. Nunca gostava de mencionar seus sonhos, eram invasivos, e pouco importavam pra outras pessoas pensava consigo mesmo, desta vez achou válido mencioná-la, ela pela primeira vez achou interessante, perguntou por detalhes, não mencionou todos lógico, disse só que estava juntos, e haviam subido para seu quarto e conversaram, foi bom disse no final da descrição. A voz dela se silenciou por um tempo, mas logo de modo mais forte e sem gaguejar, de forma natural disse claramente: -“ não gostaria de fazer isso hoje? ainda não conheço sua nova casa.”
Sua cabeça girou, pensou ter sido atropelado enquanto andava pela rua e mal havia percebido, mas não estava ali e era real, após sua cabeça retornar ao normal respondeu firme: –“Claro, seria ótimo…”. Não soube porquê não expressou mais alegria que isso, por dentro não se continha.
Eram quase cinco horas quando o interfone tocou, ela estava lá embaixo, tinha recusado ser pega em casa, sempre chegava atrasada mas chegava, aqueles cinco minutos do tempo de subir os dez andares foram intermináveis, deu umas sete voltas em sua casa, e a campainha ainda não havia tocado, a porta já estava entreaberta.
Ela entrou e se abraçaram forte como de costume, e em menos de dois minutos já havia conhecido todo o local, pequeno e aconchegante pelas palavras delas, se sentaram e ele de forma rápida ligou o som ficaram sentados, um tanto quanto perto, mas sem contato físico, contaram como foi a semana de cada um. Ela visualizou sua câmera e perguntou se era muita diferença de uma normal, ele sem pestanejar respondeu que ela notaria ali a diferença.
Por um minuto ela se escondeu e ficou vermelha pedindo para que ele parasse, até que se conformou  e fez uma posse simples com o sorriso aberto e cabeços a frente, estava linda. Ele após umas três fotos chegou mais perto e lhe mostrou as fotos, ela deu mérito a câmera, ele disse que a mesma não fazia milagres, era ela.
Nesse momento soube que agir por impulso não era a coisa certa a ser feita, mas como queria vivenciá-la novamente, e o fez, largou a câmera na pequena cama de solteiro e se aproximou lentamente dela que por sua vez não se moveu, aceitou por assim dizer, e lhe deu um beijo, foi cauteloso, após a maravilhosa sensação, voltou para trás e rapidamente pediu desculpas, com peso no coração essas palavras saíram de seu peito, porém ela nada disse só o puxou de volta para cima de si e continuaram ali. Se esqueceram que fora dali não estava mais do que dez graus de temperatura, mesmo com as janelas abertas ali, dentro do quarto a temperatura estava muito alta.
Seus corpos se encaixavam com exatidão, se completavam, não bastava apenas conversar com ela, claro que amava suas opiniões e todas as discussões que tiveram juntos, porém ali no contato físico eles combinavam perfeitamente, ah como estava feliz naquele momento, tudo corria bem, ótimo para ser franco, não sairia encima dela por nada naquele momento.
Uma música nova tocava no cômodo, não lhe era estranha para falar a verdade, nem estava dando atenção, mas tinha certeza que não tinha aquela música em seu aparelho de som, Tocata e fuga em ré menor de Bach, adorava ela.
Acordou de fato, se lembrou de uma vez porque a música lhe era familiar, seu despertador. Ai ficou simples de se explicar porque não gostava de dormir mais de quatro horas por noite, seus sonhos não eram nada agradáveis.

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