terça-feira, maio 18, 2010

Água.

Mais um dia tinha ido, a noite abraçava o azul e o levava embora do céu. O vazio instalado estava ali presente ainda. Fato que o barulho na última semana havia se acentuado mas para ele ainda era não era efetivo. Em algum lugar sabia que lá estava ela, não fazia idéia no que poderia estar pensado, livros, música, filmes, não sabia. Por eliminação sabia que nele seria uma das últimas coisas, por si próprio, precisava tanto dela que só ter pela metade talvez não fizesse sentido, talvez.
Aviões passavam a toda pelo céu da cidade, por um instante queria estar dentro dele, sem rumo, aventureiro por um tempo, mal sabia que só vale a pena a volta quando se tem alguém para voltar. Naquele ano não possuía ninguém além dele mesmo, não que efetivamente tivesse alguém nos outros anos, desta vez não havia choro, desespero ou qualquer outro tipo forte de manifesto, seu mundo era tranquilo e sem surpresas. Dormiu.
Nem mesmo teve tempo de começar a sonhar acordou com o zunido do despertador, cogitou jogar o aparelho longe, porém aquele velho aparelho de metal faria mais barulho caindo no chão que apenas o desligando. Juntou os pés ao chão, levou as mãos frente aos olhos, tudo permanecia idêntico menos fora da janela, chuva, e como chovia.
Ao se levantar quase tropeçou em um de seus livros deixados pelo chão ao lado da cama, o ajeitou com os pés, pegou uma toalha e roupas limas. No banheiro fez o mesmo ritual de sempre, ficou embaixo do chuveiro antes de ligá-lo, frio, frio, frio, aconchego, preferia que fosse assim, dolorido para que a recompensa parecesse maior, tolice talvez, repetia aquilo diariamente.
No lado de fora de casa continuava a chover, sentia vontade de correr por entre ela do jeito que estava, sem ninguém para lhe atrapalhar ou julgar, só ele e água, o que ela falaria disso, não pensava mais nisso a um bom tempo, só sabe que responderia com um sorriso, só era feliz quando chovia.

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