sábado, janeiro 30, 2010

Presença.

Era fim de ano, todos juntos, não todos, aqueles que se dispunham, e era óbvio para ele que isso não era o bastante. Dezembro chegava e com ele todas as falsidades desnecessárias também o acompanhavam, ficava incrédulo de ver que naquele período do ano principalmente entre familiares tudo se perdoava, tudo era válido, a companhia de todos ficava acima de tudo. E que até certo momento via que era algo bom, até notar que com o fim daquele ano, as pessoas por mais que tivessem feitos todas as promessas e metas para o novo ano, e algumas eram até cumpridas, tudo voltava ao mesmo de antes do dia vinte e cinco.
Sua família era extremamente metódica sobre a celebração de natal, todos juntos até a meia noite, numa noite regada a presentes e cerveja. E fazia sentido, ano após ano nunca foi capaz de reclamar nada sobre isso, porém cada vez mais velho, conhecendo e perdendo gente a cada mês, sabia que simplesmente ali, por melhor que fosse, faltava alguém. E não conseguia falar sobre isso por que nunca soube definir esse alguém, mesmo que tivesse uma em especial em sua mente, não saberia dizer se aquela presença tornaria tudo mágico. Uma presença com ele representaria uma renúncia a integrante de outra família e era impensável a reunião de ambas, e a renúncia era algo forte que talvez sua mentalidade metódica nunca permitisse.
E as madrugadas continuavam iguais, salva aquele ano que havia sido espetacular, as de agora eram falhas, sem nenhum brilho, nenhuma especial para ficar na memória, eram todas acopladas em sua mente como se não houvesse distinção de ano, e neste ano, lá pelas quatro e quinze da manhã que chegou numa conclusão mais do que óbvia, saudades das saudades.

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