segunda-feira, julho 19, 2010

Ziper.

Vontades, seriam elas passageiras? Depois daquela tarde achou que não fossem, não preferia que fosse assim, não escolhia mais nada em sua vida. Passou então a viver passivamente por tudo, aproveitando as oportunidades que lhe surgiam somente, nada de correr atrás do que efetivamente queria.
Aquela três por quatro dela continuava em sua carteira, um pouco amassada, ainda assim maravilhosa, poucas vezes tinha visto alguém realmente parecer agradável numa foto desse tipo, de frente num fundo branco sem nada para esconder.
Carteiras iam e vinham e continuava ali sempre no primeiro buraco à esquerda. Provavelmente aquela visão lhe fez bem por tanto tempo e talvez continuaria assim, mas não era verdade, e disso tinha certeza.
Aquela tarde relutou muito antes de depositar aquele retrato em outro lugar, não conseguiria colocá-lo no lixo, nem se livrar definitivamente dele, com o tempo chegou a conclusão, tinha que voltar para o lugar que esteve antes, voltou à sua cidade natal e na casa de seus pais, abriu seu armário, estava lá, intacto, mesmo após anos depois, em pouco tempo vasculhando achou a velha carteira marrom, com o mesmo ziper estranho que dificultava sua abertura, era perfeita.
O meio termo ali se fez justíssimo, algo tão pequeno que precisava ser mudado, pra variar não era a melhor opção, mas seguia sua vida conforme o ritmo, a dança, era hora de pegar a nova câmera e conseguir a nova três por quatro, a modelo poderia ser a mesma, só não sabia se teria a felicidade de encontrá-la. Vontades não mudam, pessoas mudam.

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