quarta-feira, março 10, 2010

Oposto.

Olhava sempre aquelas fotos, mantinha o álbum sempre por perto, passava rapidamente olhos pelas mais tocantes, a maioria das vezes estava acompanhado, de amigos, que claro que não faziam idéia de quanto aqueles momentos eram importantes para ele. Os papéis ali por si só não faziam sentidos algum, mas sim aqueles olhos, eles perfuravam o papel fotográfico e vinha de encontro a suas pupilas, de qualquer lado, ângulo, aqueles olhos castanhos, nunca cansados, sempre os olhava, independente de onde estivesse, ela não parava, pelas fotos, ruas, computador, memórias.
Utópico pensar que o que mais o prendia, era o que precisava, e ao mesmo tempo precisava se livrar dela. Não fazia sentido ficar ali atado a essas memórias que lhe livravam do vazio. Claro que este era preenchido com tristeza, não gostava, rompia com seu cotidiano, não sabia o que era mais isso, seguia as vontades dela e assim feria a quase todos ao seu redor, não dava explicações e mesmo vivendo sob o rótulo de mal-humorado.
Repetia exaustivamente à ela, te amo, te amo. Ela sequer escutava, estava longe, não só fisicamente, sua mente pouco pairava sobre ele, mas quando pairava ficava mais tempo que o esperado.
Ele tinha certeza de que ela não sentia mais nada por ele, absolutamente não demonstrava nenhum tipo de apego por ele nem ao por ninguém, não que fosse antipática, mas era impossível demonstrar sentimentos desse nível por qualquer um.
Naquela noite em especial, estavam ligados mesmo que em pensamento grande parte do dia, e se falaram, ela se assemelhava bastante a quem conhecia por ser ela a um tempo atrás, não estava preocupado, sabia que ela era a única para si, e nisso não estava errado, já que tinha tentado com várias outras, e nada era capaz de satisfazê-lo e nem se achava tão critico assim, mas após ver o que era felicidade, não conseguia viver sem ter o melhor pra si, ela.
Mesmo mais próximos, nada havia mudado drasticamente, mesmo ela mais carente a distância se mantinha, com mínimos desdobramentos. Iam embora dali, quando ela se levantou caiu de sua bolsa uma foto, a mesma que ele havia pensado o dia inteiro, a mesma que não saía de sua cabeça. Se ofereceu para pegá-la, e ao fazê-lo se arrependeu de ter que devolvê-la rapidamente, comentou sua saudade referente à foto, ela simplesmente sorriu, e a guardou novamente, lhe deu um beijo na testa e um longo abraço, suas casas ficavam em direções opostas e pra ela rumaram, cada um pro seu próprio vazio.

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